O Serviço Postal no Futuro


O Serviço Postal no Futuro

Anualmente são consumidos em todo mundo 45 bilhões de selos

O selo tende a desaparecer

 

A. Scarlatti, publicista italiano, dedicado e estudioso filatelista, antecipa numa série de artigos melhoramentos, que futuramente serão adotados no serviço postal universal e prevê o fatal desaparecimento do selo, como uma resultante de grande conquista econômica para os correios. Pelas estatísticas que conseguiu organizar, concluiu que por ano são consumidos no mundo de 40 a 50 bilhões de selos postais: considerando a manipulação dessa massa de selos, desde o trabalho do desenho até o da impressão, contagem, distribuição, venda, cobrança, colocação e finalmente, carimbagem, ou inutilização, chegou a esta interessante conclusão:  representa 300 dias de serviço anual de cerca de 1.500.000 indivíduos. Nesse calculo não estão incluídos “os condutores de selos”, que não pertencem ao serviço postal. E francamente há muita gente que faz grandes aquisições para facilitar sua correspondência.

A invenção do selo, na sua época, foi preciosíssima e teve, como ainda hoje, apenas um objetivo fiscal, certificar o pagamento de porte exato. Porém, a evolução da mecânica vem tornar o serviço postal mais industrial e menos trabalhoso.

A tendência do selo é desaparecer. Em breve nos correios de todo mundo se adaptarão o sistema mecânico já em uso na América do Norte e em várias cidades alemãs, maquinas a principio, só para carimbar e agora são aperfeiçoadas. Por exemplo, há máquinas para expedição de jornais, com variada capacidade e que são eficazes nas grandes e movimentadas cidades.

Colocadas as expedições no lugar apropriado, elas possuem dois pequenos mostradores, um acusa a importância, outro o peso exato dos jornais, só, porem, emitem a carimbagem quando no lugar apropriado colocam a respectiva importância. O mesmo ocorre quanto a cartas, bilhetes, etc., registrados, etc.

O espirito humano não para: atualmente estudam maquinas iguais para encomendas postais.

As considerações de Scarlatti sugerem cálculos interessantes sobre a massa de selos que anualmente é consumida. Tomando-se por base 45 bilhões de selos, termo médio dos seus cálculos e colocando-se um selo sobre o outro, poderemos erigir uma coluna com 45.000 quilómetros de altura, ou cobrir uma área de 13.500.000 quilômetros quadrados (maior do que o território brasileiro) se os estendêssemos sobre o solo. Para transportar todo esse volume de selos, precisaríamos um trem de mercadorias com 30 carros de quatro eixos da E. Ferro Central do Brasil.

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Voltando, porém, às considerações de Scarlatti, poderíamos avaliar o ônus que a manipulação de selos no Brasil acarreta para o serviço postal?

Só quem pode dizer a respeito é o Sr. Clodomiro Pereira da Silva, diretor dos Correios.

Contudo, o selo, com o aperfeiçoamento da mecânica, em futuro não remoto, irá desaparecendo, voltando a pertencer ao vasto arsenal da arqueologia, como elemento que legaremos aos pósteros para estudos da nossa atualidade, de nossa civilização e do nosso progresso.

(Transcrição de artigo publicado em 8 de julho de 1921 no jornal “O Combate” da cidade de São Paulo)

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