1844 Inclinado 60 réis e a LINHA TRACEJADA


1844 Inclinado 60 réis - Chapa Mista (RHM#6A/6B/6C/6D-2019) Tipos I/II

LINHA TRACEJADA - Importância e como identificar.


Para melhor entendimento do assunto objeto desse artigo, faço uma retrospectiva da Chapa Mista, chapa composta ou também conhecida por primeira chapa, apesar de já descrita anteriormente por outros filatelistas, porém aqui um pouco mais detalhada.


A Chapa Mista é formada por 17 fileiras horizontais e 9 colunas verticais, totalizando 153 selos, onde 81 exemplares são TIPO II (RHM#6B/6D) e integram nove fileiras horizontais intercaladas, a primeira (superior), terceira, quinta, sétima, nona, décima-primeira, décima-terceira, décima-quinta e finalmente a décima-sétima e última (inferior). As outras oito fileiras horizontais intermediárias, a segunda, quarta, sexta, oitava, décima, décima-segunda, décima-quarta e décima-sexta, são formadas por 72 exemplares do TIPO I (RHM#6A/6C).

Por essa razão, não existem cantos de folha com o Tipo I, somente com o Tipo II. Lembrando que essa denominação Tipo I/II, foi usada pela primeira vez em 1939 pelo filatelista J. Fred Emerson, quando observou que havia diferenças entre os dois tipos, artigo publicado na revista "The American Philatelist", na época ele não tinha conhecimento da existência da Chapa Mista pois sua constatação havia sido em selos individuais separados. A existência dessa Chapa Mista só foi comprovada posteriormente com a identificação do primeiro par vertical Se-tenant (dois Tipos diferentes, juntos) e na sequência com surgimento de blocos maiores e pesquisas de documentação (W. Taveira se aprofunda nessas informações).

A linha tracejada (identificada por Everaldo Nigro Santos) EXISTE SOMENTE na chapa mista, foi sutilmente riscada à buril, diretamente na chapa de cobre, com a intenção de alinhar o espaço para transferência da impressão dos 9 cunhos de aço para formar a fileira horizontal.

A pesquisadora A. M. Jacques em 2005, detalha com exatidão o processo de criação desses cunhos de aço e gravação da chapa de cobre. No espaço delimitado entre duas linhas tracejadas seria possível transferir duas fileiras horizontais de cunhos, cada fileira horizontal rente à uma linha tracejada, com exceção da última fileira horizontal (17°/última) que ficaria entabulada entre a última linha tracejada e a linha de margem inferior.

Existem duas teorias de raciocínio para explicar a transferência dos cunhos de aço para a chapa de cobre

- A primeira; cada fileira horizontal, transferida unitariamente para a chapa de cobre, ou seja, um Tipo de cada vez. Completada a transferência da fileira horizontal com os nove cunhos, reinicia a transferência com o outro Tipo, assim sucessivamente por 17x.

- A segunda teoria, seria que a transferência ocorresse com os dois Tipo juntos, presos no transferidor lado-a-lado, seguindo o espaço delimitado entre as linhas tracejadas, em uma transferência simultânea de "par em par", nesse caso, para completar a transferência, a última fileira horizontal (17°/última) seria retirado o cunho de aço do Tipo I, permanecendo no transferidor somente o cunho Tipo II. Essa segunda teoria (que hoje creio mais) explicaria a equidistância das margens brancas SEM a linha tracejada entre os pares verticais dos Se-tenants. Após concluida essa fase de transferência dos cunhos de aço, era acrescentada a margem do guilhochês, riscada individualmente em cada um das 153 gravações, conferindo a cada exemplar uma "digital" própria. Agora a Chapa de cobre estava pronta para a impressão. (J. Kloke, década de 1940, descreve o maquinário, guilhochês e chapa de cobre, importados e utilizados na época).

" IDENTIFICANDO e DIFERENCIANDO a linha tracejada, da linha de margem da folha".

A primeira fileira horizontal formada por 9 cunhos todos Tipo II (RHM#6B/6D), possuem no alto, a linha de margem superior da folha, essa linha riscada FORTE e CONTÍNUA, diferente da linha tracejada riscada SUTILMENTE, DESCONTÍNUA e FALHADA, que aparecem no alto dos restantes Tipo II da chapa ou da folha impressa. Alguns exemplares dessa primeira fileira de selos apresentam uma larga margem de papel. Os dois cantos superiores apresentam também a linha de margem lateral. Consequentemente o mesmo se repete em ambos os cantos inferiores pois a última fileira horizontal ou 17° fileira, também é formada exclusivamente por TIPO II rente à linha de margem inferior da folha na base destes 9 selos, em ambos os selos de canto possuem também a margem lateral, podendo apresentar larga margem de papel. Os selos dos quatro cantos da folha, quando preservadas as margens de papel, proporcionam belíssimos exemplares.

A linha tracejada aparece 8 vezes na chapa mista SEMPRE ABAIXO do Tipo I e ACIMA do Tipo II, ***NÃO SENDO POSSÍVEL EM OUTRA POSIÇÃO***, repetindo sucessivamente, alternando a cada duas fileiras horizontais de selos, a saber;

1° linha tracejada surge entre segunda/terceira fileira horizontal de selos.

2° linha tracejada entre quarta/quinta fileira horizontal de selos.

3° linha tracejada entre sexta/sétima fileira horizontal de selos.

4° linha tracejada entre oitava/nona fileira horizontal de selos.

5° linha tracejada entre décima/décima primeira fileira horizontal de selos.

6° linha tracejada entre décima segunda/décima terceira fileira horizontal de selos.

7° linha tracejada entre décima quarta/décima quinta fileira horizontal de selos.

8° linha tracejada entre décima sexta/décima sétima e última fileira horizontal de selos.

As outras oito margens entre os selos, não há linha tracejada, são totalmente brancas, a saber entre margem inferior do Tipo II e a margem superior do Tipo I.
Com essas informações pode-se concluir (em muitos casos, e se as margens permitirem) que é sim perfeitamente possível identificar se um determinado selo é Tipo I (linha tracejada abaixo) ou se é Tipo II (linha tracejada no alto).

Inclusive é possível DIFERENCIAR o Tipo II (RHM#6B/6D), do exemplar Tipo II a (RHM#6) pelo fato dos exemplares da chapa simples não possuírem a linha tracejada entre os selos, principalmente se a face do selo estiver prejudicada por tinta de carimbo.


- Par horizontal Tipo II com a linha tracejada no alto e a linha de margem lateral direita.


- Exemplar Tipo II com margem inferior da folha e linha tracejada no alto, rente ao corte da margem de papel.


- Dois exemplares Tipo II com a linha tracejada, muito sutil em ambos.
Compartilho com todos os filatelistas as conclusões formadas em duas décadas a partir de estudos publicados por filatelistas, análise de imagens de internet, catálogos de leilões e coleção própria. Espero que seja útil e agradeço por contestações.

A SEGUIR MAIS ALGUNS EXEMPLOS

1844-Par vertical 60 réis Inclinado, tipo 1 em cima, tipo 2 em baixo, carimbado, em papel de Olho de Boi de 75 micra, afinamento na margem inferior. LINHA TRACEJADA ENTRE OS SELOS.

1844-Par vertical 60 réis Inclinado, tipo 1 em cima, tipo 2 em baixo, carimbado "GRAMPARÁ" em lilás e obliteração manuscrita de data de 1846 (uso tardio do Inclinado em papel de Olho de Boi), em papel de Olho de Boi de 65 micra, furos causados pela tinta.

LINHA TRACEJADA ENTRE OS SELOS.

Par horizontal do selo de 60 réis Inclinado, tipo 1, carimbo escudo de Pernambuco, em papel de Olho de Boi de 70 micra, perfeito.LINHA TRACEJADA NA PARTE INFERIOR.

 

 

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