VASP - Viação Aérea São Paulo, aspectos históricos e filatélicos (1933-1943)


 

VASP - Viação Aérea São Paulo, aspectos históricos e filatélicos (1933-1943)

I - Histórico

A VASP - Viação Aérea São Paulo S.A. foi fundada em 4 de novembro de 1933. Em uma tarde de sábado, a assembleia geral de constituição reuniu 71 (nota 01) acionistas no 5º andar - mais precisamente na sala 519 - do Prédio Pirapitinguy, na rua Boa Vista, na Capital Paulista, os quais subscreveram as 2000 ações do capital inicial de 400 contos de réis da companhia de aviação paulista.

Edifício Pirapitinguy

Os principais acionistas foram: o engenheiro Henrique Uchôa Santos Dumont (filho de Luiz dos Santos Dumont, irmão do Pai da Aviação), com 300 ações; o comissário de café Tácito de Toledo Lara, com 250 ações; o também engenheiro e político Heribaldo Siciliano, com 200 ações; e dona Adalgisa Uchôa Dumont, mãe de Henrique, com 100 ações.

Heribaldo Siciliano, um dos fundadores da Construtora Siciliano e Silva, pioneira na utilização de concreto armado e responsável pela construção, entre outros, do Palácio dos Correios de São Paulo, foi eleito primeiro presidente da VASP. Completando a diretoria, representantes do poder econômico paulista da época:

Para a diretoria técnica e chefia dos pilotos, funções essenciais naquelas companhias precursoras, foi escolhido o piloto e engenheiro mecânico alemão Fritz Roeler. Veterano da Primeira Guerra Mundial, ele havia participado da fundação, com Henrique Santos Dumont (Nota 02) e Orthon Hoover, em 1931, da Companhia Aeronáutica Ypiranga, responsável pelo projeto dos aviões Ypiranguinha e Paulistinha, e também da Aerolloyd Iguaçu, com Filinto Jorge Eisenbach, pouco antes da VASP.

Nascido de Strasburgo mas naturalizado brasileiro, Fritz Roeler foi instrutor e depois marido de Thereza de Marzo, primeira mulher brasileira a obter licença para pilotar da Féderation Aéronautique Intérnationale.

A frota inicial da VASP era formada por dois bimotores ingleses Monospar ST-4, construídos pela General Aircraft, com capacidade para três passageiros (além do piloto) e carga total de 1.156kgs. Essas aeronaves eram equipadas com motores Pobjoy R de 75HP, o que possibilitava velocidade de cruzeiro de 180 km/hora.

Monospar ST-4 prefixo PP-SPA, batizado inicialmente VASP-1. Mais tarde a aeronave seria rebatizada como "Bartholomeu de Gusmão".

A instalação da companhia aérea, em uma cerimônia simples que não mereceu grande destaque da imprensa paulistana, aconteceu oito dias após à constituição, tendo como local o Campo de Marte e a presença de autoridades como Henrique Lefèvre, representante do interventor federal em São Paulo, Armando de Sales Oliveira.

Após a bênção do padre Manoel da Silveira Delboux, o avião VASP-1 foi batizado por Olívia Guedes Penteado e o VASP-2 por Antonieta Caio Prado - mais tarde as aeronaves seriam rebatizadas, respectivamente, Bartholomeu de Gusmão (PP-SPA) e Edu Chaves (PP-SPB).

O primeiro a ganhar os céus para um voo circular sobre o Campo de Marte foi o VASP-1, conduzido pelo piloto italiano Bartolomeo Cattaneo (Nota 03) e tendo como passageiros Graziella Porchat e o casal Clóvis de Camargo e Mary Guedes Penteado de Camargo.

Logo em seguida, na manhã de 16 de novembro, o VASP-1 decolou pela primeira vez com destino a outra cidade: neste caso o Rio de Janeiro, onde pousou no Campo dos Affonsos levando a bordo o secretário-geral José Mariano de Camargo Aranha e o diretor-gerente Roberto Warda, que viajaram em busca da autorização dos poderes públicos para o início das linhas regulares.

Antes de iniciar o tráfego regular, os aviões da VASP ainda realizaram outros voos de estudo. Em 10 de dezembro as duas aeronaves da empresa paulista voaram para São Carlos, onde inauguraram o aeroporto da cidade que mais tarde seria escala da linha inicial até São José do Rio Preto. Neste dia, como viria ser uma rotina nesses voos precursores da VASP, as aeronaves conduziram, além de seus diretores, políticos e jornalistas.

No ano seguinte, foram realizados novos voos experimentais. No dia 15 de fevereiro os destinos foram aquelas que seriam as duas primeiras linhas da companhia. Sob o comando de Cattaneo, o VASP-1 partiu do Campo de Marte rumo a São José do Rio Preto, com escala em São Carlos, levando a bordo Mario Gravenstein Borges (oficial de gabinete do secretaria de Viação), Paulo Vicente de Azevedo (diretor da empresa) e um representante d'O Estado de S.Paulo. No VASP-2, pilotado por João Baumgartner e Júlio Costa, seguiram para Uberaba, com escala em Ribeirão Preto, os diretores J. M. de Camargo Aranha e Roberto Warda.

Autorização

Após uma longa espera de cinco meses e muita negociação política, a VASP obteve do Governo Federal permissão para estabelecer tráfego aéreo comercial no território nacional, por meio do Decreto nº 24.070, de 31 de março de 1934.

DECRETO N. 24.070 – DE 31 DE MARÇO DE 1934

Concede permissão à S. A. Viação Aérea, São Paulo – VASP – para estabelecer tráfego aéreo no território nacional

O Chefe do Governo Provisório da República dos Estados Unidos do Brasil, atendendo ao que requereu a sociedade Anônima Viação Aérea São Paulo – VASP, a qual estipulou em seus estatutos a obrigação de ser confiada a brasileiro a sua gerência e de pertencer a brasileiros um terço pelo menos do capital social, em virtude do disposto no art. 19 do decreto n. 20.914, de 6 de janeiro de 1932, que regula a execução dos serviços aeronáuticos civis; tendo em vista o disposto no art. 46 do mesmo decreto e no art. 64 do regulamento para os Serviços Civis de Navegação Aérea, aprovado pelo decreto n. 16.983, de 22 de julho de 1925; de acordo com o parecer do Departamento de Aeronáutica Civil; e usando das atribuições que lhe confere o art. 1º do decreto número 19.398, de 11 de novembro de 1930, DECRETA:

Artigo único. Fica concedida à sociedade anônima Viação Aérea São Paulo – VASP – com sede na capital do Estado de São Paulo, permissão para estabelecer tráfego aéreo comercial no território nacional.

Parágrafo único. A presente permissão não implica monopólio ou privilégio de espécie alguma, nem qualquer ônus para a União, e fica subordinada às prescrições do decreto n. 20.914, de 6 de janeiro de 1932, e do Regulamento para os Serviços Civis de Navegação Aérea, aprovado pelo decreto n. 16.983, de 22 de julho de 1925, bem como das demais disposições vigentes ou que vierem a vigorar, referentes ou aplicáveis aos serviços de que é objeto.

Rio de Janeiro, 31 de março de 1934, 113º da Independência e 46º da República.

GETULIO VARGAS

Duas semanas depois da autorização, a companhia realizou os primeiros voos oficiais. Mas antes, no dia 14 de abril, os dois aviões da VASP partiriam do Campo de Marte para a última viagem antes de abertura oficial da linha regular aos passageiros, tendo os aviões deixado a Capital Paulista rumo a Uberaba com escala em Ribeirão Preto e retornado no dia seguinte, passando antes por escalas em São José do Rio Preto e São Carlos.

Anúncio publicado nos principais jornais paulistanos da inauguração dos voos regulares da VASP

Como nos voos anteriores, pelos convidados é nítido o caráter político e de divulgação (uma vez que o transporte aéreo ainda era algo que engatinhava no Brasil) também dessa viagem. Foram eles: o presidente da companhia, Heribaldo Siciliano; Antônio de Paula Leite, representante do interventor Armando de Sales Oliveira; e Telêmaco Hippolyto de Macedo Van Langendonck, representando a Secretaria de Viação Pública; além de representantes dos jornais O Estado de S. Paulo, Folhas (atual Folha de São Paulo) e Diários Associados.

Não há registro sobre o transporte de correspondências nos voos experimentais da VASP. A única informação é sobre exemplares do jornal O Estado de S. Paulo conduzidos no voo do dia 16/11/1933 e "destinados aos deputados da Chapa Única e à succursal desta folha no Rio (Nota 04).

Estatização e expansão

A VASP foi estatizada pelo governo paulista em 10/03/1935, com a compra de Cr$ 21 milhões em ações - equivalente a 91,6% do capital da companhia. Começava ali o expansão e, ao mesmo tempo, a solução de um grande problema da empresa aérea: as constantes enchentes e outros problemas que dificultavam o acesso e operação de aviões maiores no Campo de Marte, então principal aeródromo de São Paulo.

Agora dono, o governo paulista, tendo à frente o interventor Armando de Sales Oliveira, desapropriou uma grande área no então longínquo e descampado Parque de Congonhas, escolhida por suas condições naturais de visibilidade de drenagem, e deu início ao projeto de construção do Aeroporto de São Paulo.

A primeira pista foi inaugurada em 12 de abril de 1936. A construção foi realizada pela Cia Auto-Estradas Incorporadora e Construtora S.A., proprietária de um grande terreno na região, onde vinha vendendo terrenos desde 1930 - e portanto era grande interessada na obra e suas melhorias. Ainda utilizado em caráter experimental, o aeródromo foi batizado de Campo de Aviação da Companha Auto-Estradas.

Três meses depois, ainda sob propriedade da construtora, foi inaugurada uma segunda pista e o local passou a ser utilizado pelas companhias aéreas, principalmente a VASP. Por esse motivo o aeródromo ficou conhecido como o Campo da VASP.

A compra definitiva pelo Governo Paulista aconteceu em setembro de 1935. O local passou a ser chamado de Aeroporto de São Paulo, com administração da Diretoria de Viação da Secretaria da Viação e Obras Públicas do Estado.

Em 1936, com a chegada de dois novos Junkers, batizados de Cidade de São Paulo e Cidade do Rio de Janeiro, a VASP inaugurou a linha São Paulo - Rio de Janeiro, que revolucionou o transporte aéreo e, mais tarde, o envio de correspondência entre as cidades, por meio do Serviço Postal Rápido. A viagem entre as capitais, que por trem demorava cerca de 15 horas, agora poderia ser feita em 1 hora e 40 minutos - tempo pouco depois reduzido em 25 minutos! Nascia ali a "Ponte Aérea Rio-São Paulo".

 

Junker da VASP desce na pista ainda de grama do Aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro

Nos anos seguintes a VASP ampliou suas suas linhas, chegando a cidades como Araraquara (SP), Araguari (MG), Goiânia (GO), Curitiba (PR), Florianópolis (SC), Joinville (SC) e Itajaí (SC).

Nesses quatro últimos destinos, a companhia chegou graças a um contrato de reciprocidade assinado em setembro de 1938 com o Aerolloyd Iguassu S.A. (Nota 05), devidamente autorizado pelo Departamento de Aeronáutica Civil. Por meio dele, as duas empresas passaram a explorar conjuntamente uma linha entre o Rio de Janeiro e Curitiba (PR), com escala em São Paulo, ajustando seus horários para permitir a conexão entre elas.

O percurso Rio - São Paulo era feito exclusivamente pela VASP, da mesma que a ligação entre Curitiba a Joinville, Itajaí e Florianópolis apenas pelo Aerolloyd Iguassu. No trecho entre as capitais paulista e paranaense  as duas companhias se revezavam.

Em crise financeira, o Aerolloyd Iguassu foi adquirido pela VASP em 28/03/1939. Com isso, a companhia aérea paulista consolidou e ampliou sua atuação no Sul do Brasil.

Pelo Decreto 4.812, de 28/10/1939, o Governo Federal autorizou a absorção do Aerolloyd Iguassu e a transferência das linhas da empresa para a VASP. Pouco tempo depois, no dia 30 de novembro, eram iniciadas as operações de São Paulo para Curitiba e Florianópolis.

No ano seguinte a linha foi ampliada duas vezes, a primeira incluindo Itajaí e depois Porto Alegre.

Diante do avanço do Correio Aéreo Nacional (CAN, organizado em 1941) e a fundação de diversas pequenas companhias de aviação regionais, o serviço de transporte de correspondências aéreas deixou de ser realizado pelas empresas por meio de seus próprios escritórios de despacho.

A partir de 1943, o Departamento dos Correios e Telégrafos - DCT passou a utilizar-se também dessas novas companhias para o transporte das malas postais do correio aéreo, reduzindo assim o custo do serviço para o público, conforme antigo anseio. As malas postais passaram a ser entregues, salvo indicação esporádica em contrário, ao primeiro avião a levantar voo naquela rota postal, dificultando a identificação das empresas.

Especialmente os envelopes circulados pela VASP com passagem em São Paulo ainda são facilmente reconhecidos até 1948, por conta do carimbo de trânsito utilizado até aquela data pelos agentes postais da companhia no aeroporto paulista.

LINHAS REGULARES (1934-1943)

- Linha São Paulo - Goiânia

Aberta regularmente em 16 de abril de 1934, a linha inicialmente ligava São Paulo a Uberaba, com escala em Ribeirão Preto. Em 1935 foi incluída também uma parada facultativa em Franca.

O Decreto Lei nº 144, de 29/12/1937 autorizou a ampliação da linha até Goiânia, com escala em Araguari. O primeiro voo, porém, aconteceu apenas em 1º de agosto de 1938.

Ainda foram adicionadas escalas em Uberlândia (1939), Catalão, Ipameri e Anápolis (1941).

Envelope circulado de Ribeirão Preto para o Rio de Janeiro, via VASP (Ribeirão Preto-São Paulo) e Condor (São Paulo-Rio de Janeiro). Como foi transportado por duas companhias aéreas, a carta pagou a tarifa de cada uma delas.

Envelope circulado de São Paulo para Goiânia no primeiro voo VASP.

- Linha São Paulo - São José do Rio Preto

Inaugurada em 17 de abril de 1934, partia de São Paulo até São José do Rio Preto com escala em São Carlos. Em 1935 a linha ganhou nova escala em Catanduva e, dois anos depois, Araraquara substituiu a parada intermediária em São Carlos.

A linha deixou de ser realizada no final da década - provavelmente em 1938. Segundo a companhia, o motivo da paralisação seria a disputa com os trens. "(Não houve) êxito por causa da competição com a estrada de ferro", argumentaram à época.

Envelope circulado no primeiro voo entre São Paulo e São José do Rio Preto, com cachet comemorativo. Esse carimbo, não oficial, foi utilizado nos voos inicias entre São Paulo e Ribeirão Preto, Uberaba, Franca, Goiânia, Anápolis, São José do Rio Preto, São Carlos, Araraquara, Rio de Janeiro e Curitiba.

- Linha São Paulo - Rio de Janeiro

Certamente foi a principal linha da VASP durante toda sua existência, uma vez que revolucionou o conceito de viagens entre São Paulo e Rio de Janeiro ao unir em poucos minutos as duas mais importantes cidades brasileiras.

As viagens iniciais, realizadas em 05/08/1936, foram experimentais e marcadas por acidentes. A linha foi inaugurada oficialmente no dia 30/11/1936, realizando à princípio apenas uma viagem diária.

Tão inovador quanto foi a implantação do Serviço Postal Rápido, que agilizou as correspondências entre as duas cidades. Iniciado em 20 de dezembro de 1938, o serviço fechava as malas diariamente nos aeroportos, poucos minutos antes das partidas dos aviões, e realizava a entrega logo após a chegada dos mesmos.

Para o Serviço Postal Rápido a VASP usou etiquetas coloridas, geralmente aplicadas no verso dos envelopes, usadas para registrar o horário da chegada e dados da entrega.

Envelope circulado na viagem experimental entre São Paulo e o Rio de Janeiro.

Etiquetas utilizadas nas correspondências enviadas pelo Serviço Postal Rápido VASP, entre São Paulo e o Rio de Janeiro. Existem diversas cores e modelos destas etiquetas.

- Linha Rio de Janeiro - Curitiba

A linha deu início às operações da VASP no Sul do Brasil e teve origem no contrato de reciprocidade assinado com a Aerolloyd Iguassu S.A. em setembro de 1938. Por meio de ajustes em suas horários as empresas passaram a operar conjuntamente a ligação entre o Rio de Janeiro e Curitiba, com escala em São Paulo e conexões possíveis para Joinville, Itajaí e Florianópolis.

O primeiro voo aconteceu em 10 de outubro de 1938.

O percurso Rio - São Paulo era feito exclusivamente pela VASP, da mesma que a ligação entre Curitiba a Joinville, Itajaí e Florianópolis apenas pelo Aerolloyd Iguassu. No trecho entre as capitais paulista e paranaense  as duas companhias se revezavam.

Envelope circulado pelo primeiro voo entre São Paulo e Curitiba.

- Linha Sul (São Paulo - Porto Alegre)

Com a aquisição do Aerolloyd Iguassu e a consequente transferência de seus linhas, a VASP deu início em 30 de novembro de 1939 as operações de São Paulo para Florianópolis, com escala em Curitiba. No ano seguinte a linha ganhou dois novos destinos: Itajaí e Porto Alegre.

Em meio à crise econômica mundial provocada pela II Grande Guerra, a VASP suspendeu a linha em fevereiro de 1942. 

 

 

Os aviões da VASP só chegaram a Porto Alegre no final de 1940. Aqui envelope circulado pela primeira mala postal aérea da companhia paulista entre o Rio de Janeiro e a capital gaúcha.

 

EXPLICAÇÃO

O presente artigo tem como objetivo de traçar um breve panorama histórico e filatélico sobre a VASP - Viação Aérea São Paulo no breve período de nove anos entre sua fundação e 1943, quando o Governo ampliou a participação de novas companhias no correio aéreo.

Informações mais detalhadas, principalmente sobre aspectos filatélicos da empresa, estarão em livro a ser editado em breve.


[1] Ao contrário daquilo que é afirmado pela maioria das obras, que falam em 72 acionistas iniciais, a ata de fundação da VASP (disponível em https://www.jusbrasil.com.br/diarios/4022952/pg-39-diario-oficial-diario-oficial-do-estado-de-sao-paulo-dosp-de-12-11-1933) apresenta 71 subscritores.

[2] Embora seja presumível se tratar do mesmo Henrique Uchôa Santos Dumont, algumas fontes citam como sendo outros dois sobrinhos do Pai da Aviação: Henrique Paulo Santos Dumont, filho do irmão mais velho de Alberto, também chamado Henrique; ou Henrique Dumont Villares, filho de Virgínia Santos Dumont e primeiro biógrafo do tio, de quem era também afilhado.

[3] Primeiro aviador italiano e sexto no mundo a receber licença de piloto civil, teve sua vida toda ligada à aviação: participou das experiências de Santo Dumont com aeronaves mais pesadas que o ar, foi mecânico de confiança de Louis Blériot, primeiro a cruzar o Rio da Prata em uma aeronave e também a realizar voo de aeronave em Porto Alegre. Lutou pela Itália na Primeira Guerra Mundial e participou das revoluções de 1930 e 1932, em São Paulo. Aposentou-se como piloto da VASP, tendo falecido na Capital Paulista em relativa pobreza.

[4] O Estado de S. Paulo, edição de 16 de novembro de 1933.

[5] O Aerolloyd Iguassu S.A. foi constituído em assembleia realizada em 28 de setembro de 1932, na Associação Comercial do Paraná, em Curitiba (PR). A primeira diretoria foi constituída pelos idealizadores Filinto Jorge Eisenbach (administrativo e finanças) e Joachim von Ribbeck (operações), além do empresário Ivo Leão (presidente), da família proprietária da empresa fabricante do Mate Leão.

Antes, porém, da constituição oficial foram realizados voos de exibição, ao final dos quais eram oferecidas ações da empresa a ser fundada. Um desses voos aconteceu entre Blumenau e Joinville, em 15 de maio de 1932. Nele foram transportados cartões, endereçados ao fundador von Ribbeck, com porte simbólico de 20 Réis (10% da menor  tarifa da época; Decreto 19.621, de 23/01/1931 ). Esses impressos (que mencionavam também um voo São Paulo - Blumenau, no dia da Ascensão, 05/05, sobre o qual não há registros de que tenha sido efetivamente realizado) provavelmente tenham sido vendidos a filatelistas e até mesmo particulares com o objetivo de gerar receitas para a fundação.

Até a autorização de funcionamento, concedida pelo Decreto 22.878, de 30 de junho de 1933, o Aerolloyd Iguassu ainda viria a realizar outros voos, inclusive ligando Curitiba a São Paulo e panorâmicos sobre a capital paranaense.

O primeiro voo regular autorizado aconteceu em 18/07/1933, ligando a Curitiba a São Paulo.

Em 1934 (16/02) passou a ligar Curitiba a Joinville com voos às quartas e sextas-feiras. No ano seguinte estendeu a rota até Itajaí e Florianópolis, a partir de 15/01/1935. Possuía apenas inicialmente duas aeronaves Klemm KI 31A, operando a partir do aeroporto do Bacacheri, em Curitiba.

Com muitas dívidas, o Aerolloyd Iguassu suspendeu os voos de Curitiba para Joinville, Itajaí e Florianópolis a partir de 15 de janeiro de 1936. Apenas a ligação com São Paulo foi mantida. Mas por pouco tempo, uma vez que em 07/06 uma Assembleia Geral Extraordinária de acionista decidiu pela suspensão, por tempo indeterminado, das operações - que só retornariam em janeiro de 1937.

Pouco tempo antes de ser adquirido pela VASP, em 2 de janeiro de 1939, o Aerolloyd Iguassu inaugurou uma nova linha semanal, ligando Curitiba a Jacarezinho (PR).

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