REVOLUÇÃO PERNAMBUCANA & EQUADOR


REVOLUÇÃO PERNAMBUCANA E CONFEDERAÇÃO DO EQUADOR

 

            Por mais que se relatem a suposta harmonia no processo de consolidação do Estado nacional brasileiro, assim como uma ausência de conflitos no seu processo de independência, a história não nos deixa de mostrar um século XIX bastante complicado e tortuoso no percurso de formação e depois consolidação do Brasil como Estado moderno.

            A revolução de 1817, em Pernambuco, foi um bom exemplo de gravidade nos conflitos ocorridos no Brasil e de sua violenta resolução. Concomitantemente a chegada da família real ao Brasil, existiu, como já foi dito, a necessidade de acomodar uma grande quantidade de pessoas chegadas conjuntamente. Isso gerou um grande ônus para outras províncias, as quais financiavam por meio de impostos a acodomodação de portugueses recém-chegados e outros projetos da corôa. Um exemplo seria o plano de iluminação pública, que com o volumoso dispêndio de erário régio, visava à modernizar a nova sede do império; diversas regiões que mal poderiam sonhar com algo desse porte estavam compromissadas a suportar financeiramente a empreitada, mesmo em tempos de crise. Pernambuco foi uma das províncias afetadas muito por isso, visto que, após crises algodoeira e açucareira ocorridas em 1816, foi obrigada a repassar mais recursos à corôa.

A questão do algodão poderia não ter tido repercussões tão profundas, contudo a forte recuperação da produção norte-americana, ocorrida bem acima do esperado, contribuiu para acentuar o quadro de instabilidade econômica pernambucana. Além disso, algo que trouxe muitos descontentamentos foi a designação de nobres portugueses para o exercício de postos importantes no exército na região americana do império, relegando, em casos diversos, nacionais em segundo plano; figuras importantes ficaravam descontentes por estarem de fora de um círculo, do qual acreditavam fazer parte.

 

 

 Esses aspectos conduziram Pernambuco à uma situação ambígua; de um lado, as distâncias fisíca e política do centro de poder – com isso a província ficava manietada e com pouca mobilidade para dirigir seus assuntos – do outro, a obrigação da manutenção do poder, com todo o ônus indesejado e o peso dos impostos.

            A conjuntura finalmente acabou mostrando-se insustentável e, em 1817, estourou a revolução de Pernambuco.  

  

SELO COMEMORATIVO DO CENTENÁRIO DA REVOLUÇÃO PERNAMBUCANA - C-12 DO CATÁLOGO 

      

 

 

Em 24 ocorreu em Pernambuco outro movimento de cariz liberal, a chamada Confedereção do Equador, com espraiamentos para outras províncias do nordeste como Rio Grande do Norte, Ceará e Paráiba.

PÁGINA COM O INTERIOR DA CARTA INSTALANDO O GOVERNO PROVISÓRIO EM 1821 EM GOIÂNIA

Em cada uma delas a adesão se deu a uma certa profundidade, com o Ceará tendo parecido o caso mais dramático, de maior força e profusão dos conflitos, sem esquecer, é claro, o caso paraibano, província na teve lugar fortes disputas militares entre forças imperiais e confederados.

 

 

            A Confederação do Equador, como reação à posturas mais centralizadoras do imperador D. Pedro I, adotava a constituição da Colômbia e tinha em seu horizonte propostas liberais já presentes em outros movimentos como o de XVII, priorizando claramente uma maior autonomização frente às tentativas centralizadoras.

SELO COMEMORATIVO DA CONFEDERAÇÃO DO EQUADOR - C-18 DO CATÁLOGO

 

 

            Politicamente a ação teve a sua força, com a deposição, por exemplo, de Pais Barreto, governador de Pernambuco, de seu cargo, algo que acontecera pouco tempo antes no Ceará, com outro homem do imperador impossibilitado de ficar mais de 15 (quinze) dias no cargo.

 

 

            Apesar do material intelectual que impulsionasse o movimento, as articulações políticas e militares foram pouco a pouco diluindo-se e resultou finalmente um trágico desfecho, no qual várias lideranças foram executadas, incluindo Frei Caneca.

Por Marcelo Prata Meyer

Historiador

 

 

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