Palestra: “Filatelia e Consciência – A Diversidade de Cores e Povos se Encontram nos Selos Postais”


Palestra: “Filatelia e Consciência – A Diversidade de Cores e Povos se Encontram nos Selos Postais”

Pesquisador, organizador e palestrante: Luiz Gonzaga Amaral Júnior

Formação Étnica do Brasil

            O Brasil é famoso por sua grande miscigenação. Nosso povo não tem uma formação étnica única; pelo contrário, é uma mistura de diversos povos. Existem brasileiros de todas as cores, de todos os jeitos.

            Não é novidade para ninguém que os habitantes mais antigos do Brasil eram os Índios. Em 1500, chegaram os brancos portugueses, que aqui se instalaram para colonizar o território. Com o tempo, esses portugueses trouxeram negros africanos para o país para trabalharem como escravos na terra colonizada. Só aí já temos: índios, brancos e negros.

            Posteriormente, outros grupos foram migrando para o Brasil. Germânicos, Italianos e outros grupos brancos vieram em busca de trabalho em nossa terra, sem falar nos médio-orientais árabes e nos orientais como japoneses e chineses.

Comemoração do 5° Centenário do Descobrimento do Brasil (1500-2000) – Pró – LUBRAPREX 2000 – Brasil 500 – Emissão Postal Brasileira de 22 de abril de 1999.

            Essa mistura produziu grandes marcas em toda a cultura brasileira. Introduziu também muitos hábitos e costumes, além de grandes influências no campo religioso, na música e no cardápio alimentar dos brasileiros.

            Além dos elementos citados, também permitiu ao brasileiro expandir seu conhecimento através do intercâmbio de ideias e de experiências trazidas por esses povos através de suas histórias de vida e também de suas ancestralidades.

            O objetivo deste trabalho é apresentar um pouco da história de alguns desses povos através dos fatos e elementos históricos relativos ao período anterior e posterior à sua entrada em nosso país, utilizando para isso os selos postais brasileiros relacionados ao tema.

Povos Indígenas

            Os Povos Indígenas do Brasil compreendem um grande número de diferentes grupos étnicos que habitam o país desde milênios antes do início da colonização portuguesa, que principiou no século XVI, fazendo parte do grupo maior dos povos ameríndios. No momento da Descoberta do Brasil, os povos nativos eram compostos por tribos seminômades que subsistiam da caça, pesca, coleta e da agricultura itinerante, desenvolvendo culturas diferenciadas.

            Suas sociedades eram comunais, sem propriedade privada em larga escala, bastante igualitárias e descentralizadas, ainda que estratificadas, com papéis sociais nítidos e excludentes, com divisão de trabalho e status em moldes tradicionais, embora algumas culturas fossem bastante livres neste aspecto, permitindo grandes intercâmbios de funções. Lideranças ou outras funções de prestígio às vezes eram transmitidas em caráter hereditário, mas, em geral, os critérios decisivos eram a competência, o prestígio e o carisma pessoal.

            A escravidão indígena no Brasil existiu principalmente no começo da colonização portuguesa, minguando posteriormente pela preferência pelo escravo negro, e por pressão dos lucros do tráfico negreiro. Ela existiu, apesar dos esforços dos jesuítas contra sua prática. A principal fonte de mão de obra indígena escrava eram as entradas e bandeiras de apresamento, facilitadas pelas desavenças e guerras intertribais dos indígenas brasileiros.

500 anos do Descobrimento do Brasil (1500-2000) – Arte Plumária Carajá – Emissão Postal de 22 de abril de 2000 (parte da folha de 20 selos).

            Apesar de protegida por muitas leis, a população indígena foi amplamente exterminada pelos conquistadores diretamente e pelas doenças que eles trouxeram, caindo de uma população de milhões para cerca de 150 mil em meados do século XX, quando continuava caindo. No censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística de 2010, 817.963 brasileiros se autodeclararam indígenas, embora milhões de outros tenham algum sangue índio em suas veias. Ainda sobrevivem diversos povos isolados, sem contato com a civilização.

            Os povos indígenas brasileiros deram contribuições significativas para a sociedade mundial, como a domesticação da mandioca e o aproveitamento de várias plantas nativas, como o milho, a batata-doce, a pimenta, o caju, o abacaxi, o amendoim, o mamão, a abóbora e o feijão. Além disso, difundiram o uso da rede de dormir e o costume do banho diário, desconhecido pelos europeus do século XVI.

            Para a língua portuguesa, legaram uma multidão de nomes de lugares, pessoas, plantas e animais (cerca de 20 mil palavras), e muitas de suas lendas foram incorporadas ao folclore brasileiro, tornando-se conhecidas em todo o país.

Chegada dos Portugueses

            A emigração portuguesa foi um fenômeno que se intensificou com a expansão ultramarina que Portugal iniciou ainda no século XV. O processo migratório se alargou com a tomada de Ceuta, em 1415. Com a apropriação de novos territórios por parte do reino português, os lusitanos rumaram para a África e para a Ásia, depois para as Américas e para Castela (Espanha).

            O fluxo migratório português assumiu diversas facetas: simples ocupações militares, povoamento de ilhas desertas, passando por diferentes tipos de colonização e pelo surgimento de núcleos populacionais portugueses em regiões já habitadas.

            O Brasil foi descoberto pelos portugueses em 22 de abril de 1500. Logo após o fato, os colonos passaram a se estabelecer na colônia; porém, de forma pouco significativa. De início, aqui foram deixados degredados (pessoas tidas como indesejáveis em Portugal, que tinham como pena o degredo no Brasil).

Telecom Américas 2000 no Rio de Janeiro/RJ (10 a 15/4/2000) – 500 anos do Descobrimento do Brasil (1500-2000) – Emissão Postal Brasileira de 09 de abril de 2000.

            Durante os séculos XVI e XVII, a imigração de portugueses para o Brasil foi pouco significativa. A Coroa Portuguesa preferia investir na sua expansão comercial no continente asiático e pouco valorizava as suas possessões nas Américas. Porém, durante o século XVI, piratas franceses e de outras nacionalidades começaram a rondar o território brasileiro e a fazer tráfico de pau-brasil dentro das terras lusitanas. Essa situação obrigou a Coroa Portuguesa a começar efetivamente a colonização do Brasil.

            Destaca-se também o período ocorrido entre os anos de 1808 e 1817, quando mais de dez mil portugueses que chegaram ao Brasil se distinguiam do restante da população pelo dinheiro e nível educacional, muitos deles pertencentes à corte de D. João VI que desembarcou fugindo da ameaça de invasão francesa à Portugal.

            Durante a década de 1930, fatores como desenvolvimento industrial português, envelhecimento da população, política no Brasil de proteção ao mercado de trabalho nacional e suspensão de viagens atlânticas durante a Segunda Guerra Mundial explicam a redução do fluxo migratório português. Porém, no final da década de 1960 e início da de 1970, os movimentos migratórios lusitanos deram uma retomada, principalmente pelos conflitos na política interna portuguesa e o momento de “milagre econômico” vivenciado no Brasil.

Povos Africanos

            Os primeiros escravos negros chegaram ao Brasil entre 1539 e 1542, na Capitania de Pernambuco, primeira parte da colônia onde a cultura canavieira desenvolveu-se efetivamente. Foi uma tentativa de solução à "falta de braços para a lavoura", como se dizia então. A escravidão veio para o Brasil através do mercantilismo: os negros africanos vinham substituir os nativos brasileiros na produção canavieira, pois esse tráfico dava lucro à Coroa Portuguesa, que recebia os impostos dos traficantes.

            Os principais portos de desembarque de cativos africanos foram, entre os séculos XVI e XVII, os do Recife e de Salvador, e entre os séculos XVIII e XIX os do Rio de Janeiro e de Salvador — de onde uma parte seguiu para as Minas Gerais e para as plantações de café do Vale do Paraíba. A distância entre os portos de embarque (na África) e desembarque (no Brasil) era um fator determinante.

            Os portugueses, brasileiros e, mais tarde, os holandeses, traziam os negros africanos de suas colônias na África para utilizar como mão de obra escrava nos engenhos de cana-de-açúcar do Nordeste. Os comerciantes de escravos vendiam os africanos como se fossem mercadorias, adquirindo-os de tribos africanas que os haviam feito prisioneiros.

Roda de Capoeira e Ofício dos Mestres de Capoeira – Emissão Postal Brasileira de 25 de maio de 2009.

            Em 1845, o parlamento inglês aprovou a chamada Lei Bill Aberdeen, que concedia à Marinha Real Britânica poderes de apreensão de qualquer navio envolvido no tráfico negreiro em qualquer parte do mundo. Como consequência da pressão inglesa, em 1831 foi promulgada a primeira lei que proibia o tráfico transatlântico de escravizados para o Brasil. O comércio transatlântico foi, assim, oficialmente extinto, com a Lei Eusébio de Queirós em 1850.

            Em 1871, foi promulgada a Lei do Ventre Livre, a partir da qual toda criança nascida de mãe escravizada seria considerada automaticamente livre. Em 1885, é promulgada a Lei dos Sexagenários, a partir da qual todo escravizado com mais de 65 anos seria considerado livre. No dia 13 de maio de 1888, a escravidão foi abolida oficialmente pela Lei Áurea, sendo o Brasil o último país a abolir a escravidão no continente americano.

            Os africanos contribuíram para a cultura brasileira em uma enormidade de aspectos: dança, música, religião, culinária e idioma. Criaram o candomblé, religião afro-brasileira baseada no culto aos orixás praticada atualmente em todo o território. A influência da cultura africana é também evidente na culinária regional, especialmente na Bahia, onde foi introduzido o dendezeiro, uma palmeira africana da qual se extrai o azeite-de-dendê. Na música, a cultura africana contribuiu com os ritmos que são a base de boa parte da música popular brasileira, além de instrumentos como o berimbau, que é utilizado para criar o ritmo que acompanha os passos da capoeira, mistura de dança e arte marcial criada pelos escravos no Brasil colonial.

Imigração Alemã

            O primeiro grupo de imigrantes alemães no Brasil chegou no ano de 1818 e fixou-se na região Sul da Bahia. A primeira colônia formada por eles, no entanto, foi formada no extremo sul do país em São Leopoldo, que é uma região metropolitana da capital gaúcha.

            O principal motivo para a imigração foi a busca por uma qualidade de vida melhor, condição não encontrada na época na Alemanha devido aos frequentes problemas sociais que assolavam não só o país, como também outros países da Europa, além do encanto que tinham pelo Brasil devido às grandes quantidades de terras do país.

            Foi somente no ano de 1827 que chegaram os primeiros imigrantes germanos em Santos, que foram direto para Santo Amaro. Os que vieram depois foram para São Roque, Embu, Itapecerica, Rio Claro e os cafezais no interior de São Paulo.

Formação da Etnia Brasileira e Correntes Migratórias – Imigração Alemã – Emissão Postal Brasileira de 03 de maio de 1974.

            A colonização de Santa Catarina, estado que atualmente é o mais alemão dos brasileiros (com cerca de 35% da população descendente de alemães), teve início dois anos depois, seguida do Paraná. A presença de alemães no Brasil foi mais marcante, embora em menor quantidade, em estados como Espírito Santo e Rio de Janeiro.

            A época em que mais imigrantes alemães chegaram ao Brasil foi entre os anos de 1920 e 1930, após a Primeira Guerra Mundial, mas antes do início da Segunda Grande Guerra, quando cerca de 75 mil alemães desembarcaram no Brasil fugindo das tensões de sua nacionalidade. Os novos integrantes do Brasil, que antes iam para regiões do interior, passaram a trabalhar como operários, professores, entre outras coisas.

            No ano de 2000, foi feita uma pesquisa que teve como resultado uma estimativa da quantidade de brasileiros que tem descendência alemã. Nessa época, cerca de 5 milhões de pessoas tinham, pelo menos, um antepassado alemão.

Imigração Italiana

            Os primeiros imigrantes italianos chegaram ao Brasil em 1870, devido ao grande estímulo do governo, principalmente depois de 1850, quando o tráfico de escravos foi abolido no Brasil e os europeus substituíram a mão-de-obra escrava.

            Os italianos chegaram inicialmente à região sul, onde instalavam-se colônias de imigrantes. Em meados do século XIX, o governo brasileiro criou as primeiras colônias, fundadas em áreas rurais como a Serra Gaúcha, Garibaldi e Bento Gonçalves (1875). Estes italianos eram, na maioria, da região do Vêneto, norte da Itália. Após cinco anos, devido ao grande número de imigrantes, o governo criou uma nova colônia italiana em Caxias do Sul.

            Nestas regiões, os italianos começaram a cultivar a uva e a produzir vinhos. Atualmente, estas áreas de colonização italiana produzem os melhores vinhos do Brasil. Também em 1875, foram fundadas as primeiras colônias catarinenses em Criciúma e Urussanga e, em seguida, as primeiras do estado do Paraná.

Formação da Etnia Brasileira e Correntes Migratórias – Imigração Italiana – Emissão Postal Brasileira de 03 de maio de 1974

            Apesar da região sul ter recebido os primeiros italianos, foi a região sudeste que recebeu o maior número de imigrantes oriundos da Itália. Isto se deve ao processo de expansão das fazendas de café, no estado de São Paulo.

            Os italianos começaram a expandir-se por Minas Gerais, Espírito Santo e Rio de Janeiro. A maioria absoluta teve como destino inicial o campo e o trabalho agrícola. Muitos, após trabalhar anos colhendo café, conseguiram juntar dinheiro suficiente para comprar suas próprias terras e tornaram-se fazendeiros; outros partiram para os grandes centros urbanos (como São Paulo), pois as condições de trabalho no campo eram péssimas.

            Os italianos que vieram viver no Brasil trouxeram na bagagem muitas características culturais que foram incorporadas à cultura brasileira, estando presentes até os dias de hoje. Dentre as inúmeras contribuições italianas à cultura brasileira podemos citar: novas técnicas agrícolas; o uso do “tchau” (ciao) em todo o Brasil; pratos que foram incorporados, como pizza, espaguete (spaghetti) e o hábito de comer panetone (panettone) no Natal; o enraizamento do catolicismo, incorporando elementos italianos na religião brasileira, etc.

Imigração Polonesa

            O início da imigração polonesa no Brasil é datada do século XVII, quando a Companhia das Índias Ocidentais foi fundada pelos holandeses objetivando manter uma colônia no litoral do país. Os poloneses entraram no território português em auxílio aos holandeses para lutarem contra portugueses e espanhóis.

            Entretanto, o maior fluxo ocorreu no século XIX, quando o Estado brasileiro estimulava a vinda de cidadãos europeus no país, visando substituir a mão de obra escrava – gradativamente abolida ao longo desse período – e o ideal de embranquecimento da população, além dos projetos do Estado a partir de 1870 que visavam densificar a ocupação em algumas áreas de fronteira, destacadamente a porção meridional do país – próxima a bacia do Prata – estimulando a vinda de europeus para ocuparem a região, consolidando assim o território nacional.

            Os poloneses que imigravam para o Brasil buscavam melhores condições de vida no novo continente pois o seu território de origem experimentava um processo de perda de independência e, dessa forma, espalhava-se entre as pessoas um sentimento de risco à segurança individual e coletiva que se consolidou com a ocupação realizada pelas potências europeias no período.

150 anos da Imigração Polonesa no Brasil – Emissão Personalizada Brasileira de 25 de agosto de 2019 lançada na cidade de Brusque.

            A migração polonesa para o Brasil nesse momento acompanhava a chegada de alemães no país e esses dois grupos territorializaram áreas nos atuais estados de Santa Catarina, Paraná, Rio Grande do Sul e Espírito Santo, seguindo a lógica de colonização de áreas com baixa densidade demográfica. Nesse mesmo período, muitos poloneses desembarcaram no Rio de Janeiro e em São Paulo para o trabalho nas lavouras cafeeiras.

            Pós Grande Guerra, o fluxo de migrantes poloneses no Brasil voltou a crescer, sendo composto agora de uma significativa parcela de indivíduos judeus, que saíam de sua terra natal objetivando fugir do antissemitismo, intensificado a partir de 1919, sobretudo a partir da ascensão de governos fascistas em territórios europeus.

            A eclosão da Segunda Guerra Mundial levou os poloneses instalados no Brasil a participarem do Comitê de Ajuda às Vítimas da Guerra na Polônia. No pós-guerra, migraram para o Brasil sobreviventes dos frontes de guerra e dos campos de concentração, que tentavam reconstruir suas vidas em território brasileiro, ampliando assim o volume de colonos polacos em solo brasileiro.

Imigração Suíça

            Os suíços estiveram presentes desde os primeiros momentos da conquista do território brasileiro. Já em 1557, chegaram à baía de Guanabara 14 missionários calvinistas, vindos do cantão de Genebra em busca de uma terra livre de perseguições religiosas. Durante anos, a vinda dos suíços seguiu marcada pela fé, pela conquista do território e pela transitoriedade.

           A crise econômica na Europa do século 19 inaugurou uma nova etapa na história da imigração dos suíços. Pressionados pela competição dos países industrializados e pelas colheitas minguadas, os suíços deixaram a terra natal em massa. Para fugir da fome, cerca de 2 mil pessoas alistaram-se para emigrar entre 1818 e 1819.

            Em 16 de maio de 1818, o Príncipe-Regente Dom João VI, sentindo a necessidade de uma colonização planejada, a fim de promover e dilatar a civilização do Reino do Brasil, baixou um Decreto que autorizou o agente do Cantão de Friburgo, na Suíça, Sébastien-Nicolas Gachet, a estabelecer uma colônia de cem famílias suíças na Fazenda do Morro Queimado, no Distrito de Cantagalo, localidade de clima e características naturais parecidas às de seu país de origem.

Série Relações Diplomáticas Brasil – Suíça –  Emissão  Postal Brasileira de 25 de novembro de 2019.

            Os primeiros imigrantes suíços chegaram ao Brasil entre 1819-1820. Dom João VI batizou o lugar de Nova Friburgo, no Rio de Janeiro. Eram ao todo 261 famílias, totalizando 1.682 imigrantes. Hoje seus descendentes são encontrados aos milhares por toda a serra fluminense, miscigenados com portugueses, negros, italianos etc.

            Um outro fluxo de suíços foi encaminhado para o Sul do Brasil durante todo o século XIX, com destaque para o grupo de imigrantes chegados à Colônia Dona Francisca (hoje Joinville), em Santa Catarina. Um pequeno grupo de imigrantes fundaram em 14 de abril de 1888, no município de Indaiatuba, a colônia de Helvetia.

            Esse foi o primeiro movimento organizado, contratado pelo governo brasileiro, de imigrantes europeus a se estabelecerem no Brasil. Não se sabe ao certo quantos suíços imigraram para o Brasil, pois muitos deles eram contados como sendo alemães; porém, a presença dos imigrantes suíços no Rio de Janeiro, em São Paulo, no município de Rio Novo do Sul, no Espírito Santo (estes suíços de origem alemã) e no Sul do Brasil é notável.

Imigração Chinesa

            A civilização chinesa exerceu um fascínio irresistível no Ocidente por muitos séculos. A distância geográfica do centro da civilização europeia era tão grande quanto as suas diferenças culturais; um abismo de costumes que tornava a China o limite da diferença, o exótico. Desde a viagem de Marco Polo, a China estava no imaginário ocidental como o misterioso, exótico, maravilhoso.

            No Brasil do início do século XIX, os chineses gozavam de boa reputação. Isso devia-se a nossa condição de ex-colônia do Império Português e o tempo em que o intercâmbio com a África e Ásia era intenso e os usos e costumes nos aproximavam muito mais da Ásia do que da Europa.

            Plantas e animais do Oriente tropical e subtropical foram transplantados para o Brasil, dada a semelhança de climas. Foi esta mentalidade que propiciou em 1812 a contratação de centenas de chineses para o plantio de chá no Jardim Botânico e na Fazenda Imperial de Santa Cruz. Trazidos por ordem de Dom João VI, os chineses teriam como tarefa aclimatar a valiosa planta em terras brasileiras. O chá era um dos principais produtos de comércio no Ocidente e plantá-lo no Brasil aumentaria os lucros da Coroa Portuguesa.

Bicentenário da Imigração Chinesa no Brasil – Emissão Postal Brasileira de 10 de dezembro de 2012.

            Em 1882, a Companhia de Comércio e Imigração Chinesa foi fundada, trazendo mais de mil chineses para trabalhar em uma mina em São João Del Rei. Em 15 de agosto de 1900, um grupo formado por 107 pessoas viajando no vapor Malange, procedente de Lisboa, desembarcaram no Rio de Janeiro, sendo conduzidos em seguida para a Hospedaria de Imigrantes na cidade de São Paulo. Entre 1902 e 1906, foi construída, na cidade do Rio de Janeiro, a Vista Chinesa, um mirante em estilo chinês em comemoração à vinda dos primeiros chineses ao país para a introdução do cultivo de chá, no início do século XIX.

            Porém, o grande fluxo da imigração chinesa se deu a partir da década de 1950. Os principais motivos dessa migração foram as guerras que estavam ocorrendo na China e que ocasionavam a falta de alimentos no país. Com a implantação do comunismo na China, um grande número de chineses mudou-se para Taiwan e, logo em seguida, buscou um novo país no estrangeiro. Grande número deles imigrou para o Brasil.

            Desde o fim da década de 1990, a quantidade de imigrantes chineses vem aumentado bastante. Eles têm o comércio como principal área de atuação. Lojas e pastelarias são os principais ramos onde eles trabalham.

Imigração Japonesa

            No final do século XIX, com a Revolução Meiji (1868), o Japão se abria para o mundo e mudava sua organização social. Desta maneira, os impostos cobrados aos camponeses aumentaram obrigando milhares de pessoas a se dirigirem para a cidade.

            Igualmente, a população havia crescido e o governo japonês passou a estimular a imigração para a América. Enquanto isso, o Brasil também passava por profundas mudanças. Com o fim do tráfico negreiro, em 1850, o preço de uma pessoa escravizada aumentou e os fazendeiros passaram a contratar mão de obra imigrante europeia para suprir a falta de escravos.

            Com o advento da República, esta política de eliminação do africano se intensificou. Em 5 de outubro de 1892, foi aprovada a Lei nº 97, que permitia imigração de japoneses e chineses ao Brasil e que ainda previa a abertura de embaixadas e a celebração de tratados de comércio entre ambos os países. Em 1908, o navio "Kasato Maru" aportou no Porto de Santos, em São Paulo, trazendo 781 japoneses. Não era permitida a vinda de solteiros, somente casados e com filhos.

80 anos da Imigração Japonesa no Brasil – Emissão Postal Brasileira de 18 de junho de 1988.

            Os imigrantes japoneses assinavam contratos de trabalho de 3, 5 e 7 anos com os proprietários das fazendas e, em caso de descumprimento, deveriam pagar pesadas multas. Sem falar o idioma e sem nenhuma infraestrutura preparada para recebê-los, os imigrantes japoneses se deram conta que haviam sido enganados. À medida que os contratos iam terminando, muitos abandonavam as fazendas de café. Já quem não queria esperar, fugia para cidades grandes e para outros estados como Minas Gerais e Paraná, onde as terras tinham um preço mais acessível.

            Durante a década de 40, porém, o cenário rapidamente mudou. O Brasil apoiou os Estados Unidos e a Inglaterra na Segunda Guerra Mundial (1939-1945) enquanto o Japão lutava ao lado da Alemanha e da Itália. Quando o Brasil declara guerra aos países do Eixo, em 1942, uma série de leis prejudicou as comunidades japonesas como o fechamento de escolas, associações, clubes esportivos e o uso de símbolos nacionais nipônicos. Além disso, eles tiveram suas vendas prejudicadas, foram proibidos de se reunirem e vários tiveram suas propriedades e bens confiscados.

            De todos os modos, os imigrantes japoneses continuariam a chegar até a década de 70. O Brasil é o país que concentra a maior população de japoneses fora do Japão. Os imigrantes japoneses introduziram novos cultivos como o chá e o bicho da seda no campo brasileiro. Aperfeiçoaram a cultura da batata, do tomate e do arroz e, por isso, foram chamados de "deuses da agricultura". Também trouxeram religiões como o budismo e xintoísmo, danças típicas e as artes marciais como o judô e o karatê.

Imigração Libanesa

            Os libaneses constituem um grupo entre a grande imigração dos árabes no Brasil. Oficialmente, a Imigração Libanesa no Brasil começou em 1880, quatro anos após o Imperador Dom Pedro II ter visitado o Líbano.

            A situação no Líbano influenciou muito na emigração dos libaneses. O relacionamento político entre cristãos e muçulmanos no Líbano estava longe de ser dos melhores, com os cristãos se recolhendo em montanhas, onde viviam de atividades rurais. Mesmo assim, ainda sofriam com medidas autoritárias dos muçulmanos, como é o caso do tratamento rude que sofriam dos soldados do exército maometano.

            Economicamente, o século XIX também foi de grave crise para os libaneses, pois os altos impostos e a fraqueza do governo impossibilitavam condições adequadas de vida no país. Os libaneses escolheram o Brasil para emigrar pois encontraram grandes dificuldades de entrar em outros países, como os Estados Unidos. Já o Brasil não impunha barreiras por causa da necessidade de trabalhadores estrangeiros.

Imigração Libanesa para o Brasil – Emissão Postal Brasileira de 31 de março de 2005.

            Os libaneses não ocuparam regiões determinadas no Brasil em decorrência do tipo de atividade que exerciam em terras brasileiras. Os libaneses tentaram se aproveitar da nascente industrialização e urbanização brasileira. Ao contrário dos imigrantes europeus, os libaneses não vieram para o Brasil com a perspectiva de trabalhar nas lavouras de café, mas sim encontrar nas cidades as condições para o florescimento do comércio. O emprego em lavouras também ocorreu, mas em quantidade muito menos expressiva que dos europeus.

            Os libaneses começaram vendendo mercadorias de casa em casa e acumularam dinheiro com essa atividade; a partir daí, criaram pequenas confecções e lojas de tecidos. O sucesso no comércio que os libaneses obtiveram no Brasil foi importante para sua própria sobrevivência, assim como para seu país de origem. Muitos desses imigrantes enviavam volumosas quantias em dinheiro para a terra natal com o intuito de ajudar os familiares que ficaram para trás ou mesmo investiram esses recursos em hospitais, bibliotecas e escolas.

            Pela característica de ocupar regiões urbanizadas onde pudessem se aproveitar do comércio para o crescimento, os libaneses estão espalhados por todos os cantos do Brasil.

Bibliografia:

<https://bndigital.bn.gov.br/dossies/rede-da-memoria-virtual-brasileira/alteridades/imigracao-chinesa/>. Acesso em 17 de maio de 2020.

<https://estudopratico.com.br/imigracao-alema-para-o-brasil/>. Acesso em 17 de maio de 2020.

<https://faecpr.edu.br/site/portal_afro_brasileira/2_I.php>. Acesso em 24 de maio de 2020.

<https://geni.com/projects/Imigrantes-Libaneses-ao-Brasil/39023>. Acesso em 17 de maio de 2020.

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<https://pt.wikipedia.org/wiki/Imigração_portuguesa_no_Brasil>. Acesso em 24 de maio de 2020.

<https://pt.wikipedia.org/wiki/Imigração_suíça_no_Brasil>. Acesso em 17 de maio de 2020.

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<http://renatabueno.com.br/pt/portal-italia/comunidade-italiana/historia-da-imigracao-italiana-na-america-do-sul>. Acesso em 20 de maio de 2020.

<https://suicosdobrasil.org.br/na-bagagem>. Acesso em 17 de maio de 2020

<https://todamateria.com.br/imigracao-japonesa/>. Acesso em 17 de maio de 2020.

Fontes de pesquisa das imagens utilizados neste trabalho:

China. <https://collectgram.com/blog/content/images/2020/02/selo-bicentenario-da-imigracao-chinesa-no-brasil-selo-collectgram-V1-OT.jpg>. Acesso em 09 de maio de 2020.

Polônia. <https://1.bp.blogspot.com/-zD8xokRmJ7c/XYly5ZgDhsI/AAAAAAAAAwY/qOPDRfybbKM76ViXZ5D7fRKFyTMcHf_TQCLcBGAsYHQ/s1600/SELO_PERSONALIZADO_150-ANOS_Aprovado%2B%25282%2529.jpg>. Acesso em 09 de maio de 2020.

Suíça. <https://swmedia-4cd6.kxcdn.com/media/catalogue/Brazil/Postage-stamps/FMA-s.jpg>. Acesso em 09 de maio de 2020.

As imagens dos outros selos postais brasileiros utilizadas foram pesquisadas no catálogo online da RHM, através do site <https://oselo.com.br/catalogo/>, tendo sido acessado no dia 09 de maio de 2020.

Agradecimentos:

Aos membros do Clube Filatélico Candidés (Bianca, Bernardo, Cassiano, Clotilde, Conceição, Lauro e Sérgio, além dos membros que fazem parte do grupo do Whatsapp) e à Biblioteca Pública Municipal Ataliba Lago, pelo apoio irrestrito ao exercício de nossas atividades.

Ao meu amigo José Baffe, que sempre me auxilia com sua página do facebook que é uma belíssima biblioteca de conhecimento e que me auxiliou neste trabalho.

Ao meu amigo José Carlos Marques, que disponibiliza os editais de selos postais através do link https://drive.google.com/drive/folders/1dzcmhjsCwGn2vj9eFhB3NfzAcAvBGm70?

fbclid=IwAR29AQ2oK6VAn4X4yUON4EQttp9qvb8CVOXEta47KAy0GUPOoSS-Fzw_wME, o que me auxiliou muito no andamento deste trabalho.

Ao meu amigo Peter Meyer, que além de organizar e produzir um catálogo de selos do Brasil físico completo e rico em informações, ainda disponibiliza um excelente catálogo online, através do qual acessei as imagens dos selos utilizadas neste trabalho.

Ao meu amigo José Paulo Braida Lopes, os membros da Sociedade Filatélica de Juiz de Fora e aos amigos dos grupos de filatelia do Whatsapp, que compartilham comigo seus conhecimentos.

Ao meu amigo Paulo Silva, coordenador do site filateliaananias.com.br, que me ajuda na divulgação das palestras e das atividades do Clube Filatélico Candidés.

Ao Dr. Roberto Aniche, que possui outra bela biblioteca de conhecimentos filatélicos https://robertoaniche.com.br/ que subsidia bastante o meu trabalho.

A todos os filatelistas que buscam no seu dia a dia manter firme o colecionismo de selos e a manutenção das amizades e conhecimento que essa arte promove.

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