Palestra: “Filatelia e Artesanato" de Luiz Gonzaga


Palestra: “Filatelia e Artesanato - As Mentes Criativas Fazendo Mais Através dos Selos Postais”

Pesquisador, organizador e palestrante: Luiz Gonzaga Amaral Júnior

Artesanato

            Artesanato é um conjunto de técnicas manuais utilizadas para produzir objetos a partir de matéria-prima natural. Normalmente, os artesanatos são fabricados por famílias, dentro de sua própria casa ou em uma pequena oficina.

            O artesanato é praticado desde o período antigo, denominado Neolítico, quando os homens poliam pedras para fabricar armas e objetos de caça e pesca, usavam de cerâmica para guardar alimentos e da tecelagem para fabricar redes, roupas e colchas.

            A partir da Revolução Industrial, que se iniciou na Inglaterra, o artesanato foi fortemente desvalorizado e deixou de ser tão importante, já que neste período capitalista o trabalho foi dividido em etapas, colocando determinadas pessoas para realizarem funções específicas, deixando de participarem de todo o processo de fabricação.

            Hoje, o artesanato voltou a ter prestígio e importância. Os artesãos continuam a buscar elementos naturais para desenvolver suas peças originadas do barro, couro, pedra, folhas e ramos secos entre outros.

            O artesanato brasileiro é um dos mais ricos do mundo e garante o sustento de muitas famílias e comunidades. O artesanato faz parte do folclore e revela usos, costumes, tradições e características de cada região.

            O objetivo deste trabalho é apresentar um pouco mais sobre diversas técnicas de artesanato utilizadas em nosso país, sejam elas de origem nacional ou através do intercâmbio histórico de conhecimento com outros povos e nações. Será feita uma breve apresentação de cada uma e os produtos que podem ser gerados pelos artesãos partir de cada técnica, utilizando nos tópicos selos postais brasileiros que remetem aos temas.

Arte Indígena

            Arte indígena brasileira é a arte produzida pelos povos nativos do Brasil, antes e depois da colonização portuguesa, que iniciou-se no século XVI. A arte indígena está presente na essência do povo brasileiro, sendo um dos pilares para a cultura do país, que é resultado da miscigenação de vários grupos, dentre eles os povos indígenas – os primeiros habitantes do território nacional.

            Atualmente, existem cerca de 3 centenas de etnias de índios no Brasil. Cada uma delas é detentora de comportamentos diferentes, por conta do desenvolvimento de costumes próprios. Quando dizemos que um objeto indígena tem qualidades artísticas, lidamos com conceitos que são próprios da civilização ocidental, mas estranhos ao índio. Muitos povos não possuem nenhuma palavra para designar arte.

            No entanto, os objetos produzidos pelos índios têm exercido grande fascínio sobre os ocidentais desde os primeiros contatos e tem sido difícil evitar atribuir-lhes qualidades artísticas pelo seu grande apelo plástico, originalidade, aura de mistério e exotismo que cercam suas culturas, além de suas associações simbólicas e sociais e suas funções rituais ou mágicas, elementos que são importantes também na definição ocidental de várias categorias artísticas.

Emissão Postal Brasileira de 08 de julho de 1975 – Arqueologia Brasileira – Cerâmica Marajoara – Pará 

            Uma destas artes é a cerâmica, produzida principalmente pelas mulheres, que criam recipientes e esculturas. Para torná-las mais bonitas, costumam usar a pintura com padrões gráficos próprios, sendo um exemplo a cerâmica do povo Marajoara, cujo nome advém do local onde ela teve origem (a Ilha de Marajó).

            Outro exemplo são as máscaras indígenas, que apresentam um simbolismo sobrenatural. Elas são feitas de cascas de árvores ou outros materiais como palha e cabaças e podem ser enfeitadas com plumagem. Normalmente, são utilizadas em ritos cerimoniais. Diz a lenda que as máscaras indígenas, de um modo geral, representam as entidades que conflitavam com os índios no passado. Deste modo, as festas e danças são feitas para alegrar e acalmar essas mesmas entidades.

            Os índios também trabalham com cestaria, produzindo cestos para uso doméstico, na manutenção e transporte de alimentos, sendo mais confeccionados pelas mulheres, que desenvolvem variadas formas de trançados em diferentes formatos. Destacam-se ainda na arte plumária, utilizando as plumas nos rituais e coladas diretamente no próprio corpo, servindo também para ornamentar máscaras, colares, braçadeiras, brincos, pulseiras e cocares, os quais são feitos de penas e de caudas de aves.

Artesanato com Metal

            Os metais possuem elevada durabilidade e resistência mecânica e são utilizados para a fabricação de inúmeros itens, como latas, móveis, peças automotivas, utensílios de cozinha, fios elétricos etc. Os metais são classificados em dois grandes grupos, de acordo com a sua composição: ferrosos (basicamente ferro e aço) e não ferrosos (alumínio, cobre, chumbo, níquel, zinco). A reciclagem dos metais é uma atividade bastante eficiente, pois o metal pode ser reciclado inúmeras vezes; além disso, o metal reciclado tem praticamente todas as propriedades do metal comum.

            A maior parte dos resíduos metálicos pode ser reciclada, como as latas de alumínio e aço, arames, tampinhas de garrafas, panelas, fios, pregos, tubos e canos, janelas, portas, portões, embalagens metálicas e muitos outros. Entre os metais não recicláveis estão os clipes, grampos, esponjas de aço, latas de tinta e de combustível.

            O processo de reciclagem do metal depende primeiramente das fases de coleta e separação dos materiais nos centros de triagem entre ferrosos e não ferrosos e também por tipo e características. Como os metais ferrosos possuem propriedades magnéticas, sua separação dos demais resíduos pode ser feita por meio do uso de eletroímãs. Os resíduos já separados são prensados, classificados e encaminhados para as estações de reciclagem específicas. Nessas estações, os resíduos são livrados das impurezas, triturados, derretidos e transformados em novos produtos.

Emissão Postal Brasileira de 05 de junho de 2003 – Reciclagem – Artesanato – Metal (Porta Joias Decorado com Sucatas)

            O aço está entre os materiais mais reciclados mundialmente. O mercado de sucata de aço é bastante sólido. O aço reciclado volta ao mercado em forma de automóveis, vigas para a construção civil, arames, vergalhões, latas e outros produtos. Os novos produtos não apresentam perda de qualidade em relação ao aço original.

            O alumínio também é um metal amplamente reciclado, sendo que a reciclagem pode ser feita a partir das sobras do próprio processo de produção ou das sucatas dos produtos, como as latinhas de bebidas. Depois de transformadas, as sucatas de alumínio podem ser utilizadas nas indústrias automotivas, de embalagens, siderúrgicas, metalúrgicas entre outras.

            A partir do devido cuidado e zelo, os materiais metálicos também podem ser utilizados para o artesanato e uso doméstico. Latas de biscoito e de achocolatados podem se tornar porta-joias, porta-canetas e vasos de plantas; latas de milho ou de ervilha podem virar pequenas luminárias e os lacres de latas de alumínio podem se tornar matéria-prima para confecção de bolsas e outros objetos com o auxílio de crochê e da criatividade do artesão.

Artesanato com Papel

            O papel é um material constituído por elementos fibrosos de origem vegetal, geralmente distribuído sob a forma de folhas ou rolos. Tal material é feito a partir de uma espécie de pasta desses elementos fibrosos, secada sob a forma de folhas, que por sua vez são frequentemente utilizadas para escrever, desenhar, imprimir, embalar etc. Do ponto de vista químico, o papel se constitui basicamente de ligações de hidrogênio.

            Desde os tempos mais antigos e com a finalidade de representar objetos inanimados ou em movimento, o homem vem desenhando nas superfícies dos mais diferentes materiais. Acompanhando o desenvolvimento da inteligência humana, as representações gráficas foram se tornando cada vez mais complexas, passando desse modo a significar ideias. Este desenvolvimento, ao permitir, também, um crescente domínio dessas circunstâncias através de utensílios por ele criado, levou o homem a desenvolver suportes mais adequados para as representações gráficas. Com esta finalidade, a história regista o uso de tabletes de barro cozido, tecidos de fibras diversas, papiros, pergaminhos e, finalmente, papel.

            No início da chamada “era dos computadores”, previa-se que o consumo de papel diminuiria bastante, pois ele teria ficado obsoleto. No entanto, esta previsão foi desmentida na prática: a cada ano, o consumo de papel tem sido maior. O crescimento do consumo também traz como consequência o desperdício, o que estimula o reaproveitamento e também a criatividade dos artesãos.

Emissão Postal Brasileira de 05 de junho de 2003 – Reciclagem – Artesanato – Papel (Fantoches (Títeres) de Papel Marché)

            Uma das técnicas artesanais é a Dobradura/origami, técnica japonesa onde, a partir de um simples papel e o ato de dobrar, cria-se representações de animais, figuras e outros objetos, sem utilizar cortes ou cola, podendo ser aplicada em decorações de casamentos e aniversários, bijuterias e brinquedos, por exemplo. Outra técnica oriental é o Kirigami, onde o papel é cortado, criando formas geométricas, superfícies, paisagens e outros desenhos em uma complexa estrutura 3D, sendo bastante utilizado em decoração, tanto de casas como de festas e eventos.

            O papel também pode ser utilizado de forma decorativa na criação de itens decorativos para festas, convites de aniversários e casamentos, criação de envelopes e tags. Uma das técnicas é o Scrapbook, conhecido como livro de recortes, que é um álbum personalizado, criado para guardar recordações, fotos e lembretes, decorado com papéis, recortes de fotos, convites, papéis de balas e qualquer outro material que pode ser colado e aplicado no interior do álbum. Outro modelo é a Decoupage, também conhecida como decupagem, que é uma técnica onde se emprega colagens de recortes de papel estampado, podendo ser feita em caixas, vasos, pratos, paredes, latas ou qualquer outra superfície, sendo uma ótima maneira de reciclar objetos antigos.

            Outra técnica de artesanato é a Encadernação Manual. As formas mais conhecidas são a Belga, Copta, Longstich, Japonesa e Codex. Elas se diferem no jeito em que o fio é trabalhado. Em todas as formas a encadernação é composta na maioria das vezes por 3 estruturas: capa, folhas e contracapa. O processo resulta em livros, cadernos, agendas, apostilas, trabalhos de escola, álbuns de viagens, cadernos de desenho e outros objetos, tudo feito de um jeito bem pessoal.

Origami

            O origami, expressão que provém do japonês e significa arte de dobrar o papel – ‘ori’ descende do verbo ‘oru’, com o sentido de dobrar, e ‘gami’ nasce do vocábulo ‘kami’, denotando papel. É uma arte muito antiga, criada pelos membros da Corte Imperial do Japão. Inicalmente era considerada um entretenimento, mas ao longo da história, ao se tornar acessível à massa, foi convertida em uma arte.

            Nesta técnica é comum utilizar-se folhas de papel no formato quadrado, nas quais os cortes estão ausentes. Nelas são realizadas algumas poucas dobras no estilo geométrico que, dispostas de formas variadas, compõem imagens complexas, as quais resultam na representação de entes ou objetos os mais diferentes. Nesta arte não há regras dogmáticas e sim liberdade de ação, a qual produz, muitas vezes, inúmeros desafios para a imaginação, que busca então a criação de modelos renovados.

            Desde os tempos ancestrais do cultivo desta técnica – de 1603 a 1897, no Período Edo – o origami japonês se revelou despreocupado com normas severas e meras convenções. Historicamente a prática do origami foi se popularizando à medida que o papel, antes um bem de alto valor aquisitivo, converteu-se em um objeto cada vez mais barato. Os pobres, mesmo assim, valorizavam esta mercadoria e economizavam no seu uso, preservando pequenos pedaços de papel e transformando-os em obra-prima para a confecção do origami. Desta forma, ele se tornou uma arte popular.

Emissão Postal Brasileira de 11 de novembro de 1988 – Natal – Arte Origami (Jesus na Manjedoura) – Origamis de Márcia Bloch (parte de um conjunto de 3 selos)

            A primeira obra contendo regras para a elaboração do origami foi lançada em 1797 com o título “Hiden Senbazuru Orikata”. Nele se ensinava como dobrar o papel de forma a produzir a imagem de uma ave indiana sagrada. A presença desta arte é encontrada inclusive em impressões na madeira, como em um trabalho que data de 1819 chamado “Um mágico transforma folhas em pássaros”.

            O origami foi disseminado no Japão a partir da publicação do livro “Kan no mado”, em 1845, contendo cerca de 150 figuras criadas a partir do Origami. Além dos japoneses, os mouros também cultivavam esta arte, introduzindo-a na Espanha após a Invasão Árabe, no século VIII. Deste país, a técnica atingiu a América do Sul, espalhou-se pela Europa e posteriormente desembarcou nos Estados Unidos.

            Esta arte contribui muito também para a educação, pois ela atua ativamente no aprimoramento intelectual das crianças. Isto porque demanda alta concentração, incentiva a capacidade de fantasiar e aperfeiçoa as habilidades manuais.

Artesanato com Plástico

            Em química e tecnologia, os plásticos são materiais orgânicos poliméricos sintéticos, de constituição macromolecular, dotados de grande maleabilidade (que apresentam a propriedade de adaptar-se em distintas formas), facilmente transformáveis mediante o emprego de calor e pressão e que servem de matéria-prima para a fabricação dos mais variados objetos: vasos, sacolas, toalhas, embalagens, cortinas, bijuterias, carrocerias, roupas, sapatos etc.   

            A matéria-prima dos plásticos geralmente é o petróleo. Este é formado por uma complexa mistura de compostos. Pelo fato de estes compostos possuírem diferentes temperaturas de ebulição, é possível separá-los através de um processo conhecido como destilação ou craqueamento. Os plásticos são divididos em dois grupos, de acordo com as suas características de fusão ou derretimento: termoplásticos e termorrígidos.

            O primeiro acontecimento que levou à descoberta dos plásticos foi o desenvolvimento do sistema de vulcanização, por Charles Goodyear (1800-1860) em 1839, adicionando enxofre à borracha bruta, tornando-a mais resistente ao calor. O segundo passo foi a criação do trinitrocelulose, em 1846 por Christian Schönbein (1799-1868), com a adição de ácido sulfúrico e ácido nítrico ao algodão; o nitroceluloide era altamente explosivo e passou a ser utilizado como alternativa à pólvora, sendo que depois foi desenvolvido o celuloide com a adição de cânfora, tornando-se matéria-prima na fabricação de filmes fotográficos, bolas de sinuca, placas dentárias e bolas de pingue-pongue.

           Emissão Postal Brasileira de 05 de junho de 2003 – Reciclagem – Artesanato – Plástico (Vaso de Flores Feito com Garrafa Plástica de Refrigerante)

            Em 1907, Leo Baekeland (1863-1944) criou a baquelite, primeiro polímero realmente sintético, podendo ser considerado, portanto, o primeiro plástico, resultado da reação entre fenol e formaldeído, que tornou-se útil pela sua dureza, resistência ao calor e a eletricidade. Na década de 1930, foi criado um novo tipo de plástico: a poliamida, comercialmente chamada de Nylon. Após a Segunda Guerra Mundial, foram criados outros, como o dácron, o isopor, o poliestireno, o polietileno e o vinil.

            Esse material possui diversas propriedades essenciais para a criação de diversos produtos como, por exemplo: baixo custo, resistência a temperaturas extremas e maleabilidade, sendo que tudo isso resulta em produto final de qualidade. Entretanto, a grande questão é o seu descarte incorreto que, infelizmente, acontece com frequência.

            Os plásticos que podem ser reciclados atualmente são as embalagens de refrigerante, embalagens de material de limpeza, copinhos de café, embalagens de margarina, canos e tubos e os sacos plásticos em geral; os materiais não recicláveis são os cabos de panela, tomadas, embalagens de biscoitos e os decorrentes de misturas de papel, plásticos e metais. Além da reciclagem promovida pelas indústrias, os mesmos podem ser objeto do trabalho de artesãos, se transformando em porta-lápis, porta-revistas, porta-trecos, casinhas para pássaros, carimbos para pinturas, protetores de plantas, lâmpadas de garrafas PET, vasinhos de plantas e brinquedos, além da reutilização de sacolas plásticas tanto para fazer compras como também para armazenar lixo.

Artesanato com Vidros

            O vidro é uma substância inorgânica, amorfa e fisicamente homogênea, obtida por resfriamento de uma massa em fusão que endurece pelo aumento contínuo de viscosidade até atingir a condição de rigidez, mas sem sofrer cristalização. Industrialmente pode-se restringir o conceito de vidro aos produtos resultantes da fusão, pelo calor, de óxidos ou de seus derivados e misturas, tendo em geral como constituinte principal a sílica ou o óxido de silício (SiO2), que, pelo resfriamento, endurecem sem cristalizar.

            O vidro é um dos materiais mais antigos que se conhecem. Acredita-se que ele foi descoberto há 4.000 anos pelos navegadores fenícios que, ao fazerem uma fogueira na praia, verificaram que com o calor a areia, o salitre e o calcário reagiram, formando o vidro.

            O vidro atualmente é composto por areia, calcário, barrilha (carbonato de sódio), alumina (óxido de alumínio) e corantes ou descorantes. O vidro é um material ideal para a reciclagem e pode, dependendo das circunstâncias, ser infinitamente reciclado. O uso de vidro reciclado em novos recipientes e cerâmicas possibilita a conservação de materiais, a redução do consumo de energia e reduz o volume de lixo que é enviado para aterros sanitários.

Emissão Postal Brasileira de 05 de junho de 2003 – Reciclagem – Artesanato – Vidro (Garrafas de Cerveja Vazias Pintadas a Mão e Reabastecidas com Licor Caseiro)

            Existem vidros recicláveis, como no caso de copos, garrafas, frascos, vasilhas, cacos, pratos, etc. Há também vidros que não podem ser reciclados, como no caso de espelhos, vidros planos (portas, janelas, tampos de mesa), vidros laminados (pára-brisa), vidros temperados, cerâmica, tubos de TV, pratos e copos refratários, louças, cristais, porcelana, óculos e ampolas de injeção.

            O processo de reciclagem do vidro se dá através do derretimento do vidro utilizado e a formação de novos utensílios, como garrafas, vasilhames, telhas, calhas etc. O Brasil produz em média 900 mil toneladas de embalagens de vidro por ano. Deste total ¼ da matéria prima é proveniente de matéria reciclada em forma de caco, gerada a partir de refugos das fábricas e de coleta seletiva.

            Além da reciclagem feita industrialmente, o vidro também pode ser utilizado para artesanato. Garrafas podem se transformar em pendentes, recipientes para flores, abajures, copos resistentes, porta-velas e outros artigos de decoração; potes de vidro sem uso podem virar recipientes para guardar doces, condimentos, canetas e utensílios domésticos; o vidro também pode ser utilizado para fazer mosaicos ou mesmo como elemento de destaque na decoração de festas e celebrações.

Cerâmica e o Artesanato do Barro

            A cerâmica – do grego "kéramos", ou "terra queimada" – é um material de imensa resistência, sendo frequentemente encontrado em escavações arqueológicas e vem acompanhando a história do homem, deixando pistas sobre civilizações e culturas que existiram há milhares de anos antes da Era Cristã.

            Estudiosos confirmam ser, realmente, a cerâmica a mais antiga das indústrias. Ela nasceu no momento em que o homem começou a utilizar-se do barro endurecido pelo fogo. Desse processo de endurecimento, obtido casualmente, multiplicou-se. A cerâmica passou a substituir a pedra trabalhada, a madeira e mesmo as vasilhas (utensílios domésticos) feitas de frutos como o coco ou a casca de certas cucurbitáceas (porongos, cabaças e catutos).

            As primeiras cerâmicas que se tem notícia são da Pré-História: vasos de barro, sem asa, que tinham cor de argila natural ou eram enegrecidas por óxidos de ferro. Nesse estágio de evolução ficou a maioria dos índios brasileiros. A tradição ceramista — ao contrário da renda de bilros e outras práticas artesanais — não chegou com os portugueses ou veio na bagagem cultural dos escravos. Os índios aborígines já tinham firmado a cultura do trabalho em barro quando Cabral aqui aportou.

Emissão Postal Brasileira de 31 de agosto de 2016 – As Bonecas da Mestra Dona Izabel Mendes

            Por isso, os colonizadores portugueses, instalando as primeiras olarias nada de novo trouxeram; mas estruturaram e concentraram a mão-de-obra. O rudimentar processo aborígine, no entanto, sofreu modificações com as instalações de olarias nos colégios, engenhos e fazendas jesuíticas, onde se produzia, além de tijolos e telhas, também louça de barro para consumo diário. A introdução de uso do torno e das rodadeiras parece ser a mais importante dessas influências, que se fixou especialmente na faixa litorânea dos engenhos, nos povoados, nas fazendas, permanecendo nas regiões interioranas as práticas manuais indígenas.

            As artes cerâmicas moldam minerais das entranhas da terra (metais, barro, argila, areia etc.) dando origem a utensílios, peças ornamentais, urnas funerárias e os mais variados produtos da imaginação do homem. A arte demanda calma e circunspeção: a argila e os elementos de liga devem ser cuidadosamente escolhidos e o manejo deve ser paciente porque ela oferece tantas possibilidades quanto variações e rupturas após a queima; assim uma peça cerâmica contém, além de todos esses ingredientes e cuidados, a apreensão, o suspense e o ardor.

            Os artesãos do barro são artistas anônimos espalhados pelos sertões do Norte e Nordeste do Brasil. Em muitos municípios do Nordeste do Brasil e, em particular, em Pernambuco, é grande a prática do artesanato de barro, fabricado de forma rústica em Caruaru, Tracunhahém e Goiana, que são as cidades que mais se destacam na produção de cerâmicas utilitárias e ornamentais no Estado. Em Caruaru, a prática do artesanato de barro teve origem no Alto do Moura, lugar onde viveu o Mestre Vitalino, que foi destaque na produção de artesanato de Pernambuco e tornou-se o mais conhecido oleiro do Nordeste. Suas esculturas fizeram e ainda fazem sucesso no Brasil e no exterior.

Plantas Têxteis

            Plantas têxteis são aquelas plantas cujo produto pode ser transformado em fios que podem ser fiados para fazer tecidos. A origem das fibras naturais gira em torno da celulose, biopolímero presente na natureza que compõe a maior parte da biomassa terrestre, conhecida por ser um constituinte de papel e papelão.

            As fibras vegetais podem proceder: das sementes (algodão, paina); das folhas (sisal, caroá); da entrecasca (linho, cânhamo, juta, rami) ou de palmeiras (piaçava, tucum). O cultivo das plantas têxteis está relacionado com as condições climáticas, o que explica a sua localização nas regiões tropicais e subtropicais (algodão, juta) ou nas regiões temperadas (linho, cânhamo).

            Há registros paleontológicos que datam de mais de 30.000 anos, nos quais tecidos rudimentares feitos de linho eram apreciados. Da mesma forma, no México, foram observadas peças com mais de 5.000 anos de idade de algodão. A automação da indústria têxtil coincidiu com a Revolução Industrial, quando as máquinas, até então acionadas por força humana ou animal, passaram a ser acionadas por máquinas a vapor e, mais tarde, motores elétricos.

           Emissão Postal Brasileira de 12 de agosto de 2010 – Plantas Têxteis – Algodão (selo que faz parte de uma quadra que apresentava também plantas como o Cairo (fibra do coco), Juta e Sisal           

            A indústria têxtil foi uma das pioneiras no processo de industrialização no Brasil. Porém, antes mesmo da chegada dos portugueses, os índios já praticavam atividades artesanais, utilizando técnicas bem primitivas, como o entrelaçamento manual de fibras vegetais. No período colonial, todas as fábricas de tecidos foram fechadas, devido a um alvará de D. Maria I (1734-1816), exceto as que produziam as roupas para escravos e embalagens. Este alvará tinha, como objetivo, evitar que recursos agrícolas e extrativistas fossem para as indústrias têxteis. O mesmo foi revogado com a chegada de Dom João VI (1767-1826).

            Atualmente, a indústria têxtil brasileira é a segunda maior empregadora da indústria de transformação, perdendo apenas para alimentos e bebidas (juntos). São cerca de 1,5 milhão de empregos diretos e quase 8 milhões de empregos indiretos em mais de 33 mil empresas em todo o país.

            As fibras utilizadas no processamento permitem a fabricação de lençóis, roupas de cama, camisas, roupas íntimas, calças jeans, toalhas e outros tipos de roupas. Podem ser produzidas através de plantas fibras para artefatos como esteiras, tapetes, vassouras, cordas, sacos, além de elementos de decoração de outras peças de artesanato como alpargatas.

Tapeçaria

            Tapeçaria é uma técnica que consiste, basicamente, na confecção artesanal de um tecido, geralmente encorpado, formado pelo cruzamento de duas estruturas de fios obtidos de fibras flexíveis, como lã ou algodão. O uso de fios coloridos e de técnicas diversas de entrelaçamento permite que figuras sejam compostas durante o processo de execução. A tapeçaria tem origem na Antiguidade, desenvolvida por povos que habitavam a Mesopotâmia, Egito, Grécia, Roma, Pérsia, Índia e China. Países do Oriente Médio, como o Irã e a Turquia, mantêm importante tradição na manufatura de tapetes que, em geral, contêm elaborados desenhos geométricos.

            Na Europa, durante a Idade Média, a confecção de painéis de tecidos assumiu grande importância como elemento decorativo e funcional, o que propiciou o desenvolvimento da produção e a sofisticação da técnica. A tapeçaria era utilizada para adornar grandes áreas das paredes dos castelos e igrejas medievais e também para melhorar o conforto térmico destas edificações. A ela cabia ainda uma função narrativa e didática, quando apresentava temas históricos e bíblicos, onde se utilizava a tapeçaria bordada.

            A partir do século XIV, a tapeçaria bordada cedeu lugar para a tecida. Neste período, entre as localidades associadas à sua manufatura, destacaram-se Arras e Tournai, em Flandres e Paris. No final do século XV, as reformulações estéticas promovidas pelo Renascimento se refletiram também na tapeçaria. A pintura exerceu maior influência sobre as peças tecidas, que passaram a reproduzir, com a fidelidade possível, as obras de importantes artistas, entre eles Leonardo da Vinci (1452 - 1519) e Andrea del Sarto (1486 – 1530).

           Emissão Postal Brasileira de 03 de dezembro de 2019 – Série Relações Diplomáticas: Brasil-Finlândia (tapeçaria de Elia Ampula)           

            A partir do século XVI, a França destacou-se na produção da tapeçaria, graças, sobretudo, à ajuda oficial às manufaturas, cuja produção principal se destinava aos palácios reais. Em 1539, foi criada em Fontainebleau, por Francisco I (1494-1547), a primeira manufatura real de tapeçaria. Em 1662, Jean-Baptiste Colbert (1619-1683), ministro de Luis XIV (1638-1715), adquiriu para a Casa Real as propriedades do bairro de Saint Marcel, em Paris, e fez com que todas as oficinas de tecelagem, dispersas e produzindo com dificuldades devido à situação econômica e social da época, se reunissem nessa área.

            Essa centralização deu origem, em 1667, à Manufatura Real de Móveis e Tapetes da Coroa, que fica conhecida como Manufatura dos Gobelins. Os Gobelins foram responsáveis pela confecção, entre 1687 e 1688, de tapeçarias baseadas em pinturas com temática brasileira de autoria de Albert Eckhout (1610-1666), conhecidas como Tapeçarias das Índias, sendo que cinco dessas tapeçarias pertencem ao acervo do Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand – Masp.

            No Brasil, a utilização da tapeçaria como expressão artística pode ser percebida em trabalhos de artistas como Regina Graz (1897-1973), pioneira na renovação, na década de 1920, das artes decorativas nacionais; Genaro (1926-1971), que criou, em 1955, o 1° ateliê brasileiro desta arte; Elia Ampula (1916-2008), artista fino-brasileira que produziu obras que adornam a embaixada da Finlândia em Brasília; Norberto Nicola (1930-2007) e Jacques Douchez (1921-2012), que na década de 1960, realizaram uma investigação formal, rompendo com a bidimensionalidade tradicional da tapeçaria; além de Sorensen (1928-2008), Burle Marx (1909-1994) e Francisco Brennand (1927-2019), que produziram trabalhos valorizando as especificidades dessa técnica.

Bibliografia:

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Bonecas da Mestra Dona Izabel Mendes. <https://swmedia-4cd6.kxcdn.com/media/catalogue/Brazil/Postage-stamps/4451-b.jpg>. Acesso em 17 de junho de 2020.

Tapeçaria. <https://swmedia-4cd6.kxcdn.com/media/catalogue/Brazil/Postage-stamps/FMC-s.jpg>. Acesso em 17 de junho de 2020.

As imagens dos outros selos postais brasileiros utilizadas foram pesquisadas no catálogo online da RHM, através do site <https://oselo.com.br/catalogo/>, tendo sido acessado no dia 17 de junho de 2020.

Agradecimentos:

Aos membros do Clube Filatélico Candidés (Bianca, Bernardo, Cassiano, Clotilde, Conceição, Lauro e Sérgio, além dos membros que fazem parte do grupo do Whatsapp) e à Biblioteca Pública Municipal Ataliba Lago, pelo apoio irrestrito ao exercício de nossas atividades.

Ao meu amigo José Baffe, que sempre me auxilia com sua página do facebook que é uma belíssima biblioteca de conhecimento e que me auxiliou neste trabalho.

Ao meu amigo José Carlos Marques, que disponibiliza os editais de selos postais através do link https://drive.google.com/drive/folders/1dzcmhjsCwGn2vj9eFhB3NfzAcAvBGm70?

fbclid=IwAR29AQ2oK6VAn4X4yUON4EQttp9qvb8CVOXEta47KAy0GUPOoSS-Fzw_wME, o que me auxiliou muito no andamento deste trabalho.

Ao meu amigo Peter Meyer, que além de organizar e produzir um catálogo de selos do Brasil físico completo e rico em informações, ainda disponibiliza um excelente catálogo online, através do qual acessei as imagens dos selos utilizadas neste trabalho.

Ao meu amigo José Paulo Braida Lopes, os membros da Sociedade Filatélica de Juiz de Fora e aos amigos dos grupos de filatelia do Whatsapp, que compartilham comigo seus conhecimentos.

Ao meu amigo Paulo Silva, coordenador do site filateliaananias.com.br, que me ajuda na divulgação das palestras e das atividades do Clube Filatélico Candidés.

Ao Dr. Roberto Aniche, que possui outra bela biblioteca de conhecimentos filatélicos https://robertoaniche.com.br/ que subsidia bastante o meu trabalho.

A todos os filatelistas que buscam no seu dia a dia manter firme o colecionismo de selos e a manutenção das amizades e conhecimento que essa arte promove.

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