O JARDINEIRO


O JARDINEIRO

Encantado com o imenso e novo jardim que estava na sua frente o jardineiro tratou de conhecê-lo melhor.

Eram milhares de rosas, cravos, gardências multicoloridas e ele decidiu colher uma de cada tipo, uma de cada cor.

Todos os dias ele encontrava novidades, novos tipos, novas cores. Ficou fascinado e decidiu fotografar cada espécie e reunir num livro.

Num determinado dia ele foi ao mercado municipal e qual não foi o espanto ao verificar que lá existiam pessoas vendendo outras flores, com outras cores, outros tipos provenientes de outros jardins. Havia também curandeiros vendendo ervas cujos odores e prometidos efeitos variavam bastante e alguns vendiam até gramas e capins de diversos tipos.

Do seu próprio jardim ele achava que sabia e conhecia tudo e resolveu dar continuidade ao seu lazer. Começou a comprar outras rosas, cravos até que achou de novo que o trabalho estava concluído. Enganou-se.

Num certo dia encontrou outras pessoas com a mesma mania, saudável aliás, que também colecionavam mas tinham outras preferências. Uns colecionavam ervas, outros tipos difentes de folhas, tipos de gramas e até ervas daninhas. Convidaram o nosso jardineiro a produzir um livro completo e prometeram ajudá-lo com novas imagens e novas informações.

O livro estava completo e destinava-se ao pequeno conjunto de colaboradores. Porém o grupo reuniu-se e disse ao jardineiro que desejavam partilhar com outras pessoas este novo entretenimento. Para isso era necessário transformar suas anotações, imagens em algo mais comercial e completo. Nada podia ficar de fora, nem as plantas mais mal cheirosas e sem graça. Foi quando um deles sugeriu estabelecer os valores de mercado de cada tipo de rosa, cravo, grama e até das ervas e gramas.

O jardineiro foi coletar estas dados. Visitou mercados, leilões, barracas de feira, curadeiros e até projetistas de jardins e fazendas. Voltou aos amigos e disse: Missão impraticável. Os preços indicados nas placas são quase os mesmos, mas os praticados mudam muito. Mudam de acordo com o clima e o tempo (moda), de acordo com as necessidades do vendedor, de acordo com os desejos e vaidades do comprador, de acordo com a forma de venda uma vez que uns vendem muito de um tipo e outros vendem muitos de cada tipo. Outros ainda são especializados em rosas e outros em ervas. Há quem venda até plantas falsificadas, de plástico e outros que vendem ervas prometendo curas milagrosas.

Pensando bastante o jardineiro resolveu publicar o seu trabalho considerando apenas o valor indicado nas tabuletas. Estes também não eram iguais e por isso resolveu atribuir a cada espécie o valor que aparecia com maior freqüencia (a moda e não a média). Procedendo desta forma ele descartava os valores extremamente baixos e elevados que por alguma razão existiam no mercado.

FINALMENTE ELE PUBLICOU O LIVRO.

Muitos elogiaram sua coragem, seu trabalho, pois entenderam como foi difícil a tarefa de reunir todas estas informações. Cheio de inovações e certamente cheio de erros o jardineiro ficou empolgado e prometeu a cada ano produzir uma ramalhete ainda maior e mais completo, com rosas, cravos e naturalmente ervas, de novo com algumas daninhas.

Dos diversos colecionadores ele recebeu mensagens, algumas eram críticas das quais algumas eram construtivas e outras sem qualquer fundamento. Desconhecendo o árduo processo para chegar à obra final um deles chegou a sugerir que as ervas daninhas fossem eliminadas ao que o jardineiro respondeu: Não posso fazer isso, não fui eu que as criei, apenas registrei. Ele desejava eliminar todas as ervas daninhas dentro e fora do livro, mas isso não é possível.

O jardineiro das plantas brasileiras é como editor dos catálogos de selos do Brasil.

Registra os selos emitidos no Brasil sem ser o responsável por sua emissão. Registra os valores modais praticados no mercado e os apresenta. O editor tem opiniões próprias, conhece as manobras de mercado e até os falsificadores. Ele, porém, não deve em seu guia ou catálogo julgar, criticar, comentar seu ponto de vista particular. Ele pode e deve orientar, instruir quando possível e corrigir os seus erros.

ELE APENAS REGISTRA.

Antes de enviar a sua sugestão, crítica pense nisso.

Peter Meyer

Editor dos Catálogos de Selos do Brasil

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