A MAGIA DA FILATELIA - artigo 08


HERÓI OU TRAIDOR

BENTO MANOEL RIBEIRO X BENTO GONÇALVES DA SILVA

Isso vai depender do narrador da história. Para alguns ele será traidor e para outros ele será herói.

De um lado Bento e do outro Bento. Quem será que é o traidor?

CARTA DE BENTO MANOEL RIBEIRO DE CACHOEIRA PARA RIO PARDO

FRENTE DA CARTA COM CARIMBO CASSAPAVA E INDICAÇÃO S.N. = SERVIÇO NACIONAL

INTERIOR DA CARTA

Texto da carta (algumas palavras foram omitidas por dificuldade na leitura).

“Constando-me que essa câmara presta cega e servil obediência às ilegítimas ordens do revoltoso Coronel Bento Gonçalves, já demitido do comando superior das Guardas ..... Exmo Sr. Presidente da Província, e bem assim as ~q ......desta reunião de perversos sediciosos a quem se dá o nome de Assembleia da Província tenho a comunicar-lhes que se continuarem a proceder d’arte me verei já no pesar forçado a entrar n’essa vila com a espada desembainhada tratando-os como facciosos e inimigos do socego público o que lhes participo .. sua inteligência.

Campo de Capané, 29 de fevereiro de 1836

Bento Manoel Ribeiro

Presidente e vereadores da Câmara Municipal de Rio Pardo”

BENTO MANOEL RIBEIRO

Bento Manuel Ribeiro nasceu em Sorocaba/SP em 1783. Alistou-se no Exército em 1 de dezembro de 1800 e participou de diversos conflitos como a Primeira campanha cisplatina (1811-1812), na guerra contra Artigas e na Guerra dos Farrapos.

Foi amigo de Frutuoso Rivera (Primeiro Presidente do Uruguai) e Justo Urquiza (Presidente Unificador da Argentina). Comandou uma divisão do Exército na campanha contra o ditador Juan Manoel Rosas.

No período que durou a Guerra dos Farrapos mudou de lado por duas vezes, terminando ao lado das forças Imperiais. É vilão e herói de três países, conforme o ponto de vista do narrador.

A primeira atitude polêmica foi apoiar a posse de seu primo Araújo Ribeiro na presidência da Província, vetado por parte dos revolucionários em 1835. Em decorrência disso comandou as tropas imperiais que derrotaram na Batalha do Fanfa os revoltosos e que culminou com a prisão de Bento Gonçalves. Foi tachado de traidor.

Bento Manoel voltou aos quadros revolucionários, quando prendeu e depôs o governador brigadeiro Antero de Brito em 1837, sucessor de seu primo. Duas vezes traidor. Por fim, articulando-se com Caxias voltou outra vez às hostes imperiais. Três vezes traidor.

Uma biografia de Bento Manoel Ribeiro foi escrita pelo historiador Euclides Torres com a alcunha de “O Caudilho Maldito”.

Bento Manuel Ribeiro faleceu em Porto Alegre no dia 30 de maio de 1855.

BENTO GONÇALVES DA SILVA

SELO COMEMORATIVO rhm:c093 COM BENTO GONÇALVES

Bento Gonçalves da Silva nasceu em Triunfo no dia 23 de setembro de 1788. Contrariando o desejo dos pais, que desejavam ao jovem uma carreira eclesiástica, Bento Gonçalves mostrou-se desde cedo com vocação militar. Participou da Primeira campanha cisplatina (1811-1812) e da segunda (1816-1821). Já como capitão participou de diversas batalhas: Curales, Las Cañas em 1818, Cordovez, Carumbé em 1819 e Arroio Olimar em 1820. Foi promovido a tenente-coronel em 1824. Foi comandante de cavalaria na batalha de Sarandi em 1825, logo depois sendo promovido a coronel. Em 1827 participou da Batalha de Ituizangó.

Em 1829, pelos serviços prestados na campanha de 1825-1828, Dom Pedro I nomeou Bento Gonçalves coronel do estado-maior.

Foi denunciado em 1834 como rebelde por manter entendimentos secretos com Juan Antonio Lavalleja para a separação do Rio Grande do Sul e levado a julgamento foi absolvido. Eleito deputado provincial em 1835, foi acusado em plena sessão da instalação da assembleia provincial como articulador da separação da província.

Em 20 de setembro de 1835 tem início a Revolução Farroupilha, que a princípio não tinha caráter separatista, pois era dirigida contra o presidente da Província e Comandante das Armas. Na Batalha do Seival o General Antônio de Sousa Netto proclamou a República Rio-grandense em 11 de setembro de 1836.

Bento Gonçalves foi preso na Batalha do Fanfa em 3 ou 4 de outubro de 1836. Ficou na prisão de Santa Cruz e Forte do Laje no Rio de Janeiro, onde, em solidariedade ao Pedro Boticário, que era gordo, não fugiu, ao contrário de Onofre Pires e do Coronel Corte Real. Foi transferido para a prisão no Forte do Mar na Bahia, da qual ele fugiu. Voltou ao Rio Grande do Sul, via Buenos Aires no dia 16 de dezembro de 1837 e tomou posse como Presidente da República.

Após o tratado de Poncho Verde, assinado em 1 de março de 1845, Bento Gonçalves retornou para as atividades de campo. Faleceu em 18 de julho de 1847, deixando a viúva Caetana.

Posso afirmar que a filatelia tem mesmo QUASE TUDO. Este é o mundo mágico da filatelia e que talvez você não conheça.

 

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